São Paulo, quarta, 29 de julho de 1998

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PRIVATIZAÇÃO
Invasão ocorreu em protesto contra a venda do Sistema Telebrás
Militantes do MST invadem sede do BNDES em protesto

Moacyr Lopes Júnior/Folha Imagem
Integrantes do MST fazem protesto em frente à sede do BNDES, ontem, no Rio, em protesto contra a privatização da Telebrás


e de Brasília


Um grupo de aproximadamente 150 militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) -ou 250, na avaliação dos manifestantes- invadiu ontem o saguão principal da sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no centro do Rio.
Eles permaneceram no local por cerca de duas horas e meia. A invasão foi em protesto contra a privatização da Telebrás. O BNDES é o gestor das privatizações federais.
Não houve violência na manifestação, mas o pessoal de apoio do BNDES acabou quebrando uma porta de vidro na tentativa de fechá-la para barrar a passagem dos manifestantes.
O ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, e o presidente do BNDES, André Lara Resende, estavam no banco na hora da invasão, mas não tiveram contato com os manifestantes. Apenas uma comissão de cinco pessoas entrou no corpo principal do prédio e foi recebida pelo superintendente administrativo do banco, Nélson Tavares Filho.
Após uma hora de negociações, os manifestantes concordaram em redigir uma nota, assinada por eles e pelo superintendente do BNDES, registrando o protesto contra a venda da Telebrás.
Antes de sair da sede do banco, os manifestantes picharam com spray vermelho duas frases contra a privatização da Telebrás.
Uma delas dizia: "A Telebrás é nossa. Privatiza a mãe, FHC". A outra dizia: "Não à privatização da Telebrás. Ela é do povo. MST". Às 14h, funcionários do BNDES já haviam limpado as pichações.
"Nosso objetivo é criar um fato político para mostrar nosso repúdio à privatização da Telebrás", disse Cláudio Amaro, da coordenação estadual do MST no Rio.
A intenção inicial dos manifestantes, segundo o petroleiro Antonio Carlos Spis, tesoureiro da CUT, era permanecer no prédio do BNDES até as 17h. Após as negociações, eles concordaram em sair imediatamente.

Stedile
João Pedro Stedile, um dos líderes do MST, defendeu ontem a invasão do prédio do BNDES. "Os sem-terra são cidadãos brasileiros e têm o direito de opinar sobre qualquer assunto de interesse do país", disse. "A minha proposta é que o governo faça um plebiscito para saber o que a população pensa da privatização."
De acordo com Stedile, 5.000 comunidades rurais onde o serviço é deficitário correm o risco de ficar sem telefone.
"A privatização é um perigo porque não garante a manutenção dos serviços no meio rural" , disse o líder sem-terra. Segundo ele, os prefeitos das pequenas cidades são os que mais deveriam se preocupar. "Os sem-terra são cidadãos brasileiros e têm o direito de opinar sobre qualquer assunto de interesse do país", disse Stedile.

FHC
O presidente Fernando Henrique Cardoso condenou, por meio do porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, a ação de "grupos políticos e sindicatos" que querem a suspensão do leilão da Telebrás e para isso encaminham liminares à Justiça.
"É lamentável que os grupos políticos e sindicatos utilizem a Justiça como um recurso para fazer atos políticos. E fazem isso com motivações políticas", disse.



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