São Paulo, quarta, 29 de julho de 1998

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NO AR
A revolução

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Bradou o ministro das Comunicações:
- Revolução.
Eco nas Globos, ontem:
- Revolução.
Revolução diferente, que tem como vanguarda, ao menos na mídia, as próprias Organizações Globo.
As Globos, que querem parte da Telebrás, estão à frente da revolução na defesa ideológica, se é que vale o adjetivo, da privatização.
Os atentados contra a Embratel, um dos objetos de desejo das Organizações, tornaram-se fato. Eram tratados, um dia antes, como "suspeita de sabotagem".
Ontem o Jornal Nacional deu em manchete o "terrorismo", editado em identificação com a "pressão" do MST.
Mais importante, o que se viu ontem e nos dias anteriores, nas Globos, foi o estabelecimento do consenso.
Depoimentos sobre depoimentos, de consumidores em favor da privatização.
Dados sobre dados: "fruto do monopólio", 800 mil estão na "fila de espera" da Telesp; a instalação leva dois anos no Rio, enquanto nos EUA leva 48 horas etc.
A única saída é privatizar. Com a band B, "os preços caíram", chegando a ser "80% menores do que nas estatais". E "as boas notícias não param" etc. etc.
Moral da história, "ótimo para o consumidor".

Quanto à oposição, mal se ouve dela -dos argumentos. Vicentinho, da CUT, conseguiu falar na Record do "preço vil" da Telebrás:
- É a humilhação dos governantes diante do grande capital.
No mais, o que se ouviu foi que os protestos "tumultuam o trânsito do Rio". E, é claro, o "terrorismo".

Duda Mendonça, na Band, sobre FHC:
- É o candidato da mídia. Só cego não enxerga.


E-mail: nelsonsa@uol.com.br



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