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PT SOB SUSPEITA
João Francisco reafirma ter ouvido relato sobre repasse a José Dirceu
Irmão de Celso Daniel insiste em acareação sobre propina
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O oftalmologista João Francisco
Daniel, 56, irmão do prefeito assassinado de Santo André, Celso
Daniel, quer uma acareação com
o assessor do presidenciável Luiz
Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, e com a ex-mulher do prefeito, Miriam Belchior, na CPI
criada para investigar um suposto
esquema de propina para financiar campanhas do PT.
João Francisco, em depoimento
ao Ministério Público, afirmou
que, em conversas em setembro
do ano passado, Gilberto teria lhe
contado que entregou R$ 1,2 milhão ao presidente do PT, deputado José Dirceu, para financiar
campanhas petistas. Miriam teria
confirmado que a propina seria
para financiar campanhas.
"Quero uma acareação, mas só
se for em depoimento aberto, ao
contrário do primeiro [26 de junho], que foi fechado à opinião
pública", afirma o médico.
João Francisco, ao fazer um balanço da repercussão sobre o assunto desde que foi divulgado seu
depoimento ao Ministério Público, no dia 24 de maio, afirma que
está "esperançoso".
"Foi uma vitória conseguir a
reabertura do processo sobre a
morte de meu irmão. Eu e minha
família estamos agindo, até hoje,
como investigadores, para o caso
não cair no esquecimento sem ser
investigado a fundo", diz.
O oftalmologista continua acreditando na mesma tese: de que
não foi crime comum. "Foi queima de arquivo. Meu irmão foi assassinado porque se rebelou sobre as propinas, que ele tolerava
para pagar campanhas, mas que
acabou servindo para enriquecimento de algumas pessoas."
"Acho que os trabalhos da CPI
estão muito aquém do que já foi
investigado". Ele diz "lamentar"
que o STF não tenha acolhido o
pedido de investigação sobre José
Dirceu.
O médico reafirma que tem testemunhas das conversas com Gilberto e Miriam, mas que, por conselho da Promotoria, só prestariam depoimento se o Ministério
Público Federal solicitar.
No dia 1º de julho, o ministro do
STF Nelson Jobim rejeitou a abertura de inquérito criminal contra
José Dirceu e o seu indiciamento,
que haviam sido pedidos pelo
procurador-geral da República,
Geraldo Brindeiro.
Jobim, relator do caso no Supremo, considerou que as informações colhidas na investigação
eram inconsistentes e sem "idoneidade" para caracterizar indícios contra o presidente do PT.
Na época, o procurador-geral
de Justiça de São Paulo, Luiz Antônio Marrey, saiu em defesa dos
promotores, negando que tenha
havido falhas na apuração.
Grampo
João Francisco afirma que foi
descoberto um grampo em uma
linha telefônica de sua casa, em
São Bernardo do Campo. Espera
até o final da semana um laudo
encomendado ao técnico que detectou o grampo para entregar ao
Ministério Público.
O médico não faz nenhuma
acusação sobre quem poderia ter
feito o grampo.
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