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JANIO DE FREITAS
O sobe e desce
A apontada volta de José
Serra ao possível empate com
Ciro Gomes, embora muito dependente de confirmação pelo
Datafolha, reanimou mais do
que a sua candidatura. É a própria disputa eleitoral que recupera vivacidade e emoção.
Os maus índices de Serra deixaram a mídia meio borocoxô,
os serristas deprimidos, inventaram até o tucano independente.
O pior papel ficou com o Datafolha, cujo ônus de confirmar ou
reprovar as pesquisas do Ibope e
do Vox Populi -um modo de
ser agradável com um lado, mas
desagradável com o outro-
transformou-se ontem em voto
de Minerva. A pesquisa CNT/
Sensus não subscreveu o novo
empate técnico no segundo lugar. Nem a queda estonteante de
Ciro Gomes e a formidável subida de José Serra em apenas quatro a seis dias de programa eleitoral gratuito, como afirmaram
Ibope e Vox Populi.
O movimento de queda e subida é o mesmo e, sem dúvida, é lógico, considerados fatores desde
o relaxado programa de TV de
Ciro Gomes até a continuada
projeção favorecida de José Serra
na mídia, além da intensidade
dos ataques deste àquele. Movimento idêntico, porém contido.
Onde o Ibope encontrou perda
de 5 pontos por Ciro Gomes, a
CNT/ Sensus registra 3,1, passando de 28,6% para 25,5%; os 6
pontos a mais que o Ibope atribuiu a José Serra ficam em 1,3 no
CNT/Sensus, passando-o de
13,4% a 14,7%.
Para completar a diferença entre as pesquisas, José Serra ainda
dista 4,8 pontos percentuais de
Ciro Gomes na CNT/Sensus, ainda que aplicada a margem de erro de 3 pontos percentuais a favor de José Serra e contra Ciro
Gomes, como foi feito com o Ibope para a afirmação de que os
dois estão em empate técnico.
A nova pesquisa CNT/Sensus
chamou mais atenção do que
suas edições anteriores por fazer
mais sentido com alguns dados
do Ibope do que os números do
próprio Ibope. É o caso da disparidade entre as imensas descida
e subida provocadas pelos programas do horário gratuito, Serra ganhando 1% a cada dia e Ciro perdendo quase isso. O que
causa estranheza por terem só
48% dos eleitores visto algum
programa (logo, 52% não viram
nenhum) e de 19% acharem que
os programas de Serra são bons.
Esses números não impediriam
os índices atribuídos aos candidatos, mas os tornariam bem difíceis.
As diferenças entre as duas
pesquisas e as questões suscitadas pela pesquisa do Ibope -o
que não é raro- são ingredientes estimulantes da oxigenação
trazida à disputa eleitoral. O esperado, porém, é que a melhor
disputa piore o nível dos disputantes diretos. José Serra, por
achar que o ataque ao adversário é que lhe dá e poderá dar
mais condições de subir. Ciro
Gomes, pela dedução de que, se é
guerra, que o seja plenamente.
Isso fará a alegria dos que não
superaram as exasperações da
adolescência e precisam muito
de agressividade tola, própria ou
alheia. Mas fazer-se pretendente
à Presidência da República na
base de desaforos é uma sugestão para que aí não se percam os
votos inteligentes e sérios.
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