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MERCADO DE APOSTAS
Dez dias antes de subida de tucano nas pesquisas, relatórios já indicavam potencial de crescimento da candidatura
Bancos já esperavam recuperação de Serra
ANDRÉA MICHAEL
EM SÃO PAULO
GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Dez dias antes da subida do presidenciável José Serra (PSDB) nas
pesquisas eleitorais, relatórios internos de dois dos maiores bancos de investimento do mundo-
o Credit Suisse First Boston e o
Merrill Lynch- já afirmavam
que as eleições estão indefinidas e
que a candidatura do tucano, em
terceiro lugar na disputa, tem
condições de recuperação.
Os relatórios foram feitos entre
os dias 12 e 20 de agosto, antes da
subida do candidato do PSDB,
anunciada anteontem pelos institutos Vox Populi e Ibope.
A idéia de que a candidatura de
Serra é competitiva também
consta de relatório interno do
Unibanco do mês de agosto, e no
de duas consultorias - Tendências e MCM. As análises dessas
empresas são direcionadas ao
mercado financeiro e ao setor
produtivo.
Dos relatórios obtidos pela Folha, o único que trabalha com a
derrota de Serra - e que define
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e
Ciro Gomes (PPS) no segundo
turno- é o do JP Morgan, que
também integra o grupo dos
grandes bancos de investimento.
A recuperação de Serra, dizem
os relatórios, está baseada principalmente no farto tempo de TV
- ele tem o dobro dos dois adversários - e na indefinição dos
eleitores (41%, segundo pesquisa
Datafolha de 15 e 16 de agosto).
"Nossa visão de que Serra tem
maior potencial para crescer nas
pesquisas se explica principalmente pelo fato de ele ter mais
tempo de televisão do que os outros candidatos. Serra ocupará
42% do total do horário, Lula,
21% e Gomes, 17%", diz o relatório da Merrill Lynch.
Para os bancos, o cenário começará a se definir a partir da segunda semana de setembro, quando o
impacto dos programas eleitorais
sobre as intenções de voto já poderá ser auferido em pesquisas.
"O cenário [eleitoral" terá que ser
revisto em meados de setembro",
diz o Credit Suisse First Boston,
no relatório de 16 passado.
O relatório do Unibanco apresenta gráficos baseados no Datafolha, mostrando o comportamento dos eleitores nas eleições
de 89, 94 e 98. O percentual de indecisos caiu de cerca de 50% antes
do horário eleitoral para a faixa
dos 25% um mês após o início dos
programas.
O JP Morgan- que definiu Ciro e Lula no segundo turno, no relatório do dia 20 passado- afirma que os dois terão de "ajustar
seus programas para atrair mais
eleitores". Os analistas do banco
consideram Lula o "mais pressionado" por ter de "manter a coerência do PT". Ciro é retratado
como tendo "menos compromisso ideológico com os três partidos
da Frente Trabalhista".
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