São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 2002

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MERCADO DE APOSTAS

Dez dias antes de subida de tucano nas pesquisas, relatórios já indicavam potencial de crescimento da candidatura

Bancos já esperavam recuperação de Serra

ANDRÉA MICHAEL
EM SÃO PAULO

GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Dez dias antes da subida do presidenciável José Serra (PSDB) nas pesquisas eleitorais, relatórios internos de dois dos maiores bancos de investimento do mundo- o Credit Suisse First Boston e o Merrill Lynch- já afirmavam que as eleições estão indefinidas e que a candidatura do tucano, em terceiro lugar na disputa, tem condições de recuperação.
Os relatórios foram feitos entre os dias 12 e 20 de agosto, antes da subida do candidato do PSDB, anunciada anteontem pelos institutos Vox Populi e Ibope.
A idéia de que a candidatura de Serra é competitiva também consta de relatório interno do Unibanco do mês de agosto, e no de duas consultorias - Tendências e MCM. As análises dessas empresas são direcionadas ao mercado financeiro e ao setor produtivo.
Dos relatórios obtidos pela Folha, o único que trabalha com a derrota de Serra - e que define Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS) no segundo turno- é o do JP Morgan, que também integra o grupo dos grandes bancos de investimento.
A recuperação de Serra, dizem os relatórios, está baseada principalmente no farto tempo de TV - ele tem o dobro dos dois adversários - e na indefinição dos eleitores (41%, segundo pesquisa Datafolha de 15 e 16 de agosto).
"Nossa visão de que Serra tem maior potencial para crescer nas pesquisas se explica principalmente pelo fato de ele ter mais tempo de televisão do que os outros candidatos. Serra ocupará 42% do total do horário, Lula, 21% e Gomes, 17%", diz o relatório da Merrill Lynch.
Para os bancos, o cenário começará a se definir a partir da segunda semana de setembro, quando o impacto dos programas eleitorais sobre as intenções de voto já poderá ser auferido em pesquisas. "O cenário [eleitoral" terá que ser revisto em meados de setembro", diz o Credit Suisse First Boston, no relatório de 16 passado.
O relatório do Unibanco apresenta gráficos baseados no Datafolha, mostrando o comportamento dos eleitores nas eleições de 89, 94 e 98. O percentual de indecisos caiu de cerca de 50% antes do horário eleitoral para a faixa dos 25% um mês após o início dos programas.
O JP Morgan- que definiu Ciro e Lula no segundo turno, no relatório do dia 20 passado- afirma que os dois terão de "ajustar seus programas para atrair mais eleitores". Os analistas do banco consideram Lula o "mais pressionado" por ter de "manter a coerência do PT". Ciro é retratado como tendo "menos compromisso ideológico com os três partidos da Frente Trabalhista".



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