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ESTRATÉGIA
Lula deve continuar a evitar confronto na televisão na esperança de obter dividendos do duelo entre tucano e Ciro
Crescimento de Serra já preocupa o PT
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A ascensão de José Serra (PSDB)
e a queda de Ciro Gomes (PPS)
nos mais recentes levantamentos
eleitorais provocaram na cúpula
da campanha de Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) um estado de alerta
que se traduz em um temor e uma
expectativa.
O temor, óbvio, é que o crescimento de Serra, se ampliado e repetido nas próximas semanas,
torne-se uma onda eleitoral que
venha atropelar o petista no início
da disputa do segundo turno. O
tucano é tido como adversário
mais difícil de ser vencido.
A expectativa é que Ciro e Serra
se mantenham em disputa apertada até o primeiro turno, trocando ataques que obrigariam o lado
derrotado a aderir a Lula no segundo turno, facilitando a caminha do candidato petista ao Palácio do Planalto.
Desde o ano passado, a estratégia de campanha do PT previa
que o segundo turno ocorreria
entre Lula e o candidato da situação. A performance de Ciro fez
com que fosse revista essa estratégia, levando a um cenário em que
o petista se diria o candidato da
estabilidade contra supostas incertezas que acompanhariam o
candidato do PPS.
Nas reuniões semanais do comando petista, o efeito do horário
eleitoral em favor de Serra era
previsto, mas com um impacto
menor do que o verificado em
pesquisa do Ibope, que apontou
crescimento de seis pontos do tucano e queda de cinco de Ciro,
com uma diferença entre os dois
de apenas quatro pontos.
Para os petistas, o voto em Ciro
não estava cristalizado e o percentual de Serra subvalorizado, dada
à força e transferência de votos
tradicionais de um candidato da
situação.
No segundo turno, o tucano é tido como candidato mais difícil de
ser batido porque iniciaria a disputa em clima de vitória, agregando exponencialmente apoios em
seu favor.
Um dos efeitos imediatos da subida de Serra é a interrupção ou a
redução significativa de adesão de
setores do empresariado e de políticos mais tradicionais à candidatura Lula. Sem o tucano no cenário e com desconfianças sobre
Ciro, o petista tinha mais facilidade de costurar esse tipo de apoio.
O PT avalia que os ataques de
Serra a Ciro também ajudaram
Lula, na medida em que "desconstituíram" a imagem do candidato do PPS, mantido em um
patamar inferior ao do petista.
No curto prazo, está mantida a
estratégia de não entrar no duelo
Ciro-Serra. No cenário dos sonhos de Lula, poderia até possibilitar a vitória no primeiro turno.
Numa visão hoje mais plausível,
o cenário mais desejável pelo PT é
enfrentar um Ciro bem ferido. No
entanto, é óbvio que o petista espera que o candidato do PPS também fragilize Serra.
Num primeiro momento, o PT
julgou boa notícia a queda de Ciro, pois estava preocupado com a
resistência demonstrada por ele.
O PT planeja aguardar o resultado dos anunciados contra-ataques de Ciro a Serra para ter mais
claro quem será o provável adversário no segundo turno.
Nos próximos dez dias, pelo
menos, continuará a ser seguido o
roteiro "Lulinha quer paz e
amor", definição recente do próprio candidato para o comportamento -ora evasivo, ora brincalhão- que busca demonstrar
maturidade e evitar conflitos.
Ao avaliar prós e contras de ter
Ciro ou Serra como adversário no
segundo turno, um cacique petista diz que o tucano é uma "pessoa
jurídica" mais forte do que Ciro.
Este, entretanto, é "pessoa física"
com mais força.
Leia-se: Serra tem condições de
reunir apoios mais significativos.
Já Ciro, apesar do carisma e de ser
tido como bom comunicador, teria menos apoios. Lula poderia dividir com vantagem, crê a cúpula
do PT, o empresariado e o mercado financeiro.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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