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Assessor de Bush discute Alca com o PT
DA REPORTAGEM LOCAL
A implantação da Alca (Área de
Livre Comércio das Américas) e e
o apoio ao governo da Venezuela
são os dois "impasses" na relação
do governo George W. Bush com
um eventual governo do PT.
Ontem, durante uma hora, o
embaixador Richard Haass, diretor do Escritório de Planejamento
de Políticas do Departamento de
Estado do EUA (assessor do secretário de Estado, Colin Powell),
reuniu-se com Marco Aurélio
Garcia, integrante da coordenação de campanha do presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva e secretário de Cultura de São
Paulo, e Jorge Mattoso, secretário
de Relações Internacionais do
município.
Em visita de três dias ao país,
Haass encontrou-se com assessores dos três principais candidatos
a presidente, sendo os últimos os
petistas. "Ele me pareceu mais
pomba [da paz" do que falcão",
resumiu Marco Aurélio Garcia,
numa referência ao apelido dado
a assessores de Bush favoráveis a
ações bélicas.
Alca
Garcia abriu a conversa com
Haass, expondo as linhas gerais
da proposta econômica do PT,
enfatizando a necessidade de reduzir "constrangimentos externos" ao país.
O embaixador norte-americano
apontou o que classificou de um
"paradoxo" petista: o partido defende o aumento das exportações,
mas é contrário a Alca. Lembrou
que, depois de dez anos de discussões, o Congresso dos EUA deu
poderes ao presidente para que
assinasse os acordos comerciais
que permitirão a integração comercial dos países do continente.
Garcia rebateu dizendo que as
restrições a produtos e setores
aprovadas pelos parlamentares
americanos prejudicam as exportações brasileiras e inviabilizam a
Alca, na visão do PT. "É um impasse que precisamos contornar",
disse Haass aos petistas.
Garcia afirmou que um eventual governo petista não estimularia o "sentimento antiamericano"
nas negociações, mas que agiria,
assim como os EUA fazem, de
"maneira ativa" para evitar perdas para o país.
O segundo "impasse" foi o
questionamento do governo
americano sobre o relacionamento e apoio de Lula ao presidente
da Venezuela, Hugo Chávez.
A resposta foi que o PT apóia o
venezuelano porque este é detentor de mandato constitucional para o qual foi eleito. "Não se trata
de gostar ou não", disse Garcia.
"Nem sempre os melhores são
eleitos", rebateu Haass.
Diálogo
O secretário petista relatou que
na última reunião de Lula com
Chávez, ocorrida em outubro do
ano passado, o petista aconselhou
o presidente venezuelano a dialogar mais, mesmo com setores
oposicionistas, para evitar o seu
isolamento e o aumento da tensão
social no país.
Outro ponto sobre o qual o embaixador quis conhecer a posição
do PT foi a guerra civil vivida na
Colômbia.
Garcia avaliou que o Brasil errou por "omissão" ao não tentar
participar diretamente da resolução dos conflitos entre governo e
guerrilheiros.
Defendeu uma solução negociada, sem ações militares. Ouviu de
Haass que os americanos defendem uma saída diplomática, mas
que essa talvez não seja possível
sem que ocorram antes o que chamou de "exercícios militares".
(PLÍNIO FRAGA)
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