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São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 2003

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RIO

Diretor do banco BRJ diz que instituição recebeu proposta de pagar US$ 1 milhão, valor que seria distribuído aos deputados

Acusação contra deputados paralisa CPI

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

A CPI das Financeiras instalada na Assembléia Legislativa do Rio foi paralisada ontem depois de uma denúncia de cobrança de US$ 1 milhão supostamente envolvendo deputados da comissão.
Anteontem, o diretor do banco BRJ Luiz Augusto de Queiroz protocolou na Assembléia um documento no qual afirma que um funcionário do banco, Luiz Alcázar, recebeu do auxiliar de contabilidade José Carlos Fonseca a proposta de pagar US$ 1 milhão, dinheiro que seria distribuído entre os integrantes da CPI.
Ontem o caso foi enviado à Corregedoria da Assembléia, que tem 30 dias para investigá-lo. Enquanto isso, a CPI fica parada.
De acordo com a denúncia, o pagamento seria para resolver a situação do banco na CPI. A comissão apurava supostas irregularidades em transações do BRJ.
No documento entregue à Assembléia, Queiroz diz que seu funcionário foi procurado por Márcio Achê Cordeiro e que este teria apresentado Fonseca. Depois de se apresentar como contador da Assembléia, Fonseca teria afirmado agir em nome de membros da CPI. Numa reunião com Alcázar, teria cobrado o dinheiro para ratear entre os deputados.
O executivo relata que a proposta não foi aceita e que Fonseca continuou o assédio. Queiroz diz que foi convocado para depor novamente na CPI, faltou duas vezes, por viagem e doença, e recebeu nova convocação para anteontem, quando resolveu levar o caso à Assembléia Legislativa.
Depois do tumulto causado pela denúncia, a Assembléia informou que Fonseca e Cordeiro não trabalham lá. Mas Fonseca assinou, atestando recebimento, um documento do BRJ enviado à CPI. O corregedor Leandro Sampaio (PMDB) disse que o caso é "muito grave". Segundo ele, poderá haver quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico dos envolvidos. Sampaio afirmou que pedirá ajuda à polícia para localizar Fonseca.
Isso não será difícil, já que Fonseca, como afirmaram o presidente da CPI, Alberto Brizola (PSB), e o relator, José Nader (PTB), é colaborador informal da comissão, sem pagamento. "Ele explica as coisas dentro do mercado financeiro. Já nos trouxe algumas denúncias. É de forma voluntária", disse Nader, que não vê problemas nisso. Nader disse que foi apresentado a Fonseca por um amigo e que não crê na veracidade da denúncia: "O mercado financeiro é um vespeiro. Todo o mercado financeiro, que age incorretamente, deve ter interesses em que essa CPI não vá à frente".
O presidente da Assembléia, Jorge Picciani (PMDB), disse que o regimento proíbe não-funcionários de agir em nome de CPIs ou de colaborar com elas sem autorização formal. "É crime, é usurpação de poder." Segundo Picciani, só depois do trabalho da Corregedoria a Assembléia irá decidir se encaminhará o caso à polícia ou ao Ministério Público.
Queiroz e Alcázar foram procurados no BRJ e não foram localizados. O advogado do BRJ, José Alfredo Lion, disse que o banco não tem mais nada a comentar.


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