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RIO
Diretor do banco BRJ diz que instituição recebeu proposta de pagar US$ 1 milhão, valor que seria distribuído aos deputados
Acusação contra deputados paralisa CPI
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
A CPI das Financeiras instalada
na Assembléia Legislativa do Rio
foi paralisada ontem depois de
uma denúncia de cobrança de
US$ 1 milhão supostamente envolvendo deputados da comissão.
Anteontem, o diretor do banco
BRJ Luiz Augusto de Queiroz protocolou na Assembléia um documento no qual afirma que um
funcionário do banco, Luiz Alcázar, recebeu do auxiliar de contabilidade José Carlos Fonseca a
proposta de pagar US$ 1 milhão,
dinheiro que seria distribuído entre os integrantes da CPI.
Ontem o caso foi enviado à Corregedoria da Assembléia, que tem
30 dias para investigá-lo. Enquanto isso, a CPI fica parada.
De acordo com a denúncia, o
pagamento seria para resolver a
situação do banco na CPI. A comissão apurava supostas irregularidades em transações do BRJ.
No documento entregue à Assembléia, Queiroz diz que seu
funcionário foi procurado por
Márcio Achê Cordeiro e que este
teria apresentado Fonseca. Depois de se apresentar como contador da Assembléia, Fonseca teria
afirmado agir em nome de membros da CPI. Numa reunião com
Alcázar, teria cobrado o dinheiro
para ratear entre os deputados.
O executivo relata que a proposta não foi aceita e que Fonseca
continuou o assédio. Queiroz diz
que foi convocado para depor novamente na CPI, faltou duas vezes, por viagem e doença, e recebeu nova convocação para anteontem, quando resolveu levar o
caso à Assembléia Legislativa.
Depois do tumulto causado pela
denúncia, a Assembléia informou
que Fonseca e Cordeiro não trabalham lá. Mas Fonseca assinou,
atestando recebimento, um documento do BRJ enviado à CPI. O
corregedor Leandro Sampaio
(PMDB) disse que o caso é "muito
grave". Segundo ele, poderá haver
quebra de sigilos bancário, fiscal e
telefônico dos envolvidos. Sampaio afirmou que pedirá ajuda à
polícia para localizar Fonseca.
Isso não será difícil, já que Fonseca, como afirmaram o presidente da CPI, Alberto Brizola
(PSB), e o relator, José Nader
(PTB), é colaborador informal da
comissão, sem pagamento. "Ele
explica as coisas dentro do mercado financeiro. Já nos trouxe algumas denúncias. É de forma voluntária", disse Nader, que não vê
problemas nisso. Nader disse que
foi apresentado a Fonseca por um
amigo e que não crê na veracidade da denúncia: "O mercado financeiro é um vespeiro. Todo o
mercado financeiro, que age incorretamente, deve ter interesses
em que essa CPI não vá à frente".
O presidente da Assembléia,
Jorge Picciani (PMDB), disse que
o regimento proíbe não-funcionários de agir em nome de CPIs
ou de colaborar com elas sem autorização formal. "É crime, é
usurpação de poder." Segundo
Picciani, só depois do trabalho da
Corregedoria a Assembléia irá decidir se encaminhará o caso à polícia ou ao Ministério Público.
Queiroz e Alcázar foram procurados no BRJ e não foram localizados. O advogado do BRJ, José
Alfredo Lion, disse que o banco
não tem mais nada a comentar.
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