São Paulo, quarta-feira, 29 de agosto de 2007

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JULGAMENTO DO MENSALÃO

"Eu fui cassado sem provas e sou réu sem provas", diz Dirceu

Em nota, o ex-ministro afirma que quer ser julgado o mais rapidamente possível para provar a sua inocência nos crimes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu divulgou ontem uma nota criticando o resultado: "A decisão do Supremo Tribunal Federal de aceitar parcialmente a denúncia contra mim formulada pelo procurador-geral da República é injusta, mas não me surpreende, diante das circunstâncias que cercaram esse julgamento".
"Venho sendo pré-julgado em praça pública, acusado, denunciado e agora sou réu por corrupção ativa e formação de quadrilha. Reitero o que sempre afirmei: tive o mandato cassado sem provas e agora sou réu também sem provas. Quero ser julgado o mais rapidamente possível para provar minha inocência. Não posso aceitar que a condição de réu seja eternizada e que venha uma prescrição por mim totalmente indesejada. Sou inocente e vou provar isso no julgamento a que quero ser logo submetido."
Segundo Dirceu, "não foram apresentadas provas ou indícios dos crimes dos quais sou agora réu". "Foram apresentadas apenas declarações de terceiros e fatos não comprovados, episódios dos quais supostamente participei, supostas ordens que dei", afirmou o ex-ministro.
Ele disse que foi que "acusado e inocentado nos casos Waldomiro Diniz e de Santo André": "Não há nada contra mim nesses dois episódios tão explorados pelos meus adversários". Ele alegou que teve suas contas investigadas, mas nada foi encontrado contra ele nos dois casos citados.
O advogado do ex-ministro, José Luís Oliveira Lima, disse que ele e seu cliente esperavam que ele fosse excluído do caso: "Cabe ao advogado respeitar e cumprir a decisão. A defesa enfrentará o processo com todos os atos que decorrerão dele. Não tenho a menor dúvida de que, ao final, ficará demonstrada a sua cabal inocência", afirmou Oliveira Lima.
Ele contestou afirmação de que o relator, Joaquim Barbosa, teria sido veemente na confirmação do papel de José Dirceu, de "mentor e comandante supremo" do mensalão: "O relator e os outros ministros ressaltaram que reconhecem apenas a existência de indícios para o recebimento da denúncia".
Os advogados disseram acreditar que, apesar do recebimento da denúncia, seus clientes serão absolvidos. Alguns deles preferem uma tramitação rápida do processo em razão de desgastes políticos a que seus clientes ficarão expostos.
Essas afirmações foram feitas pelos advogados do ex-presidente do PT José Genoino, do ex-secretário-geral do partido Silvio Pereira, de dirigentes e ex-dirigentes do Banco Rural e do publicitário Duda Mendonça e sua sócia Zilmar Fernandes. "Todos os advogados que defendem políticos têm interesse que isso se resolva o mais rapidamente possível", disse Gustavo Badaró, defensor de Sílvio Pereira.
Luiz Fernando Pacheco, advogado do deputado federal e ex-presidente do PT José Genoino, afirmou: "Acho que os políticos querem que o processo ande logo".
Já o ex-ministro da Justiça Dias, que defende pessoas ligadas ao Banco Rural, disse: "Essa pecha de gestão fraudulenta só prejudica".


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