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Supremo vai autorizar juízes a ouvirem réus e testemunhas
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relator do processo do
mensalão no STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro
Joaquim Barbosa, disse que irá
autorizar juízes federais nos
Estados a tomar depoimentos
de réus e testemunhas para
acelerar a tramitação. O número de pessoas ouvidas poderá
superar 300.
Ao final de cinco dias de julgamento, os ministros do STF
aprovaram ontem outra medida para tornar a ação penal
mais rápida: os interrogatórios
dos réus começarão independentemente da apreciação de
eventuais recursos (embargos
de declaração) para esclarecer
pontos supostamente obscuros
ou contraditórios do recebimento da denúncia.
A sugestão foi feita pelo ministro Cezar Peluso. Ele lembrou que o STF está "diante de
um processo extremamente
complexo, com quatro dezenas
de denunciados, quase todos,
ou todos, domiciliados fora da
cidade". Por isso, disse, será necessário expedir cartas de ordem (autorizações do tribunal
para que os juízes tomem os depoimentos).
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de
Souza, descartou a possibilidade de incluir o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva entre as 41
testemunhas indicadas por ele
para reforçar a acusação. "As
testemunhas do Ministério Público já estão arroladas na denúncia e, entre elas, não se encontra o presidente."
A possibilidade de Barbosa
delegar os interrogatórios do
processo a juízes federais sustenta a expectativa de o processo terminar antes do prazo de
prescrição de penas a eventuais
condenados -ou antes ainda
das eleições presidenciais de
2010. Empenhados já em definir estratégias de defesa, parte
dos advogados dos réus do
mensalão antecipa que insistirá em anular provas reunidas
no processo.
O prazo para que as penas
percam a validade começou a
contar ontem, com o recebimento da denúncia.Barbosa
disse que o procurador-geral
terá de "robustecer" com novas
provas as acusações mais frágeis. "Nas situações em que as
provas forem efetivamente frágeis, caberá ao Ministério Público rebustecê-las."
Além de reunir provas que
sustentem a acusação aos réus
do mensalão, o relator Joaquim
Barbosa tem pela frente os interrogatórios de todos os 40
personagens denunciados e das
oito testemunhas que cada réu
poderá indicar em sua defesa,
além das 41 testemunhas de
acusação já listadas pelo procurador-geral.
"Quem apostar na possibilidade de prescrição das penas,
tem mais chances de perder",
disse Luís Justiniano de Arantes Fernandes, um dos advogados do ex-ministro Luiz Gushiken, acusado de desvio de dinheiro público. "Para o meu
cliente, um julgamento rápido
seria ótimo", disse José Luiz de
Oliveira Lima, advogado do ex-ministro José Dirceu.
"É praticamente impossível
que as penas venham a prescrever, eu afastaria essa possibilidade", avalia Alberto Zacharias
Toron, responsável pela defesa
do deputado e ex-presidente da
Câmara João Paulo Cunha, em
coro com vários colegas.
"Vai depender do [ritmo do]
próprio tribunal, temos de ver
como o tribunal vai agir", calcula Marcelo Leonardo, que faz a
defesa de Marcos Valério.
Colaboraram SILVANA DE FREITAS e RANIER BRAGON, da Sucursal de Brasília
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