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Lula confirma Direito para o STF; sabatina acontece hoje
Após indicação, ministro do STJ encontra
senadores na CCJ e, depois, no
plenário
De perfil conservador,
magistrado é a 7ª indicação
feita por Lula, o que significa
a escolha da maioria dos
11 ministros do tribunal
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou ontem a
indicação para o ministro Carlos Alberto Direito, do Superior
Tribunal de Justiça, ocupar
uma vaga no Supremo Tribunal
Federal, conforme a Folha antecipou anteontem.
O convite foi feito no início
da manhã, no Alvorada. Direito
foi apresentado a Lula pelos
ministros Nelson Jobim (Defesa) e Tarso Genro (Justiça).
Em caráter sumário, a CCJ
(Comissão de Constituição e
Justiça) do Senado se reúne
hoje, às 10h, para sabatinar o
escolhido -que esteve ontem
na Casa para se apresentar pessoalmente aos senadores no
cafezinho. Ainda à tarde, o nome de Direito deve ser votado
no plenário. A previsão é que a
indicação seja aprovada com
larga maioria, com apoio inclusive da oposição.
A pressa se justifica porque a
nomeação tem de ser referendada até o dia 6 de setembro
-o dia 7 é feriado-, porque no
dia 8 o escolhido completa 65
anos. A Constituição estabelece o limite de 64 anos para que
os ministros do STF sejam empossados.
Na segunda-feira à noite, Jobim, o principal padrinho da
indicação, já havia recebido de
Lula a confirmação de Direito
para a vaga de Sepúlveda Pertence, que se aposentou. Depois de muita hesitação e de
pressões contra Direito -considerado "muito conservador"
inclusive pelo próprio Tarso-,
o Planalto enviou ontem mensagem ao Congresso com a indicação. O texto seria publicado em edição extra do "Diário
Oficial", que circularia na
noite de ontem.
Maioria
Direito é a sétima indicação
de Lula, o que significa a escolha da maioria dos 11 ministros
do tribunal. Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, só
nomeou três em oito anos.
A indicação contempla Nelson Jobim, ex-presidente do
Supremo, e evidencia o grau de
influência do mais novo ministro da equipe sobre o presidente. Na queda de braço com Tarso, seu conterrâneo gaúcho,
que havia sugerido ao presidente o nome do advogado Roberto
Caldas para o cargo, ele venceu.
"Ele [Jobim] foi ministro da
Justiça, presidente do STF e é
também um conselheiro do
presidente", disse Tarso.
Tarso e Jobim têm ambições
políticas semelhantes. Os dois
vislumbram a possibilidade de
disputar o governo do Rio
Grande do Sul e sonham com a
Presidência da República.
O ato com a indicação de Direito para o Supremo era para
ter sido publicado na semana
passada, mas o Planalto recuou
depois da publicação de notícias atribuindo a escolha de Direito a um suposto acordo para
não acatar a abertura de processo contra os denunciados
pelo mensalão -algo que acabou não se concretizando.
Na escolha de Direito, acabou prevalecendo o fato de que
Lula queria um nome do STJ e
a avaliação de que era preciso
"equilibrar" o perfil do tribunal. O escolhido por Lula pende
para o conservadorismo.
Direito é membro da União
dos Juristas Católicos do Rio de
Janeiro, entidade que faz lobby
contra interrupção da gravidez
em casos de anencefalia e uso
de células-tronco de embriões
humanos em pesquisas. Matérias envolvendo esses temas serão julgadas pelo STF.
O perfil conservador de Direito deve facilitar sua aprovação pelo Senado. O próprio presidente da CCJ, Marco Maciel
(DEM-PE), também ligado a
alas católicas conservadoras,
elogiou a escolha de Direito e
disse torcer pela sua aprovação.
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