São Paulo, Quarta-feira, 29 de Setembro de 1999
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SAÚDE

Exame indica que pefelista é portador de hiperplasia benigna

Biopsia diz que ACM não tem câncer na próstata

PATRICIA ZORZAN
da Reportagem Local

O resultado da biopsia de próstata realizada anteontem no presidente do Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), 72, indica que ele não tem câncer no órgão.
Segundo a Folha apurou, ACM é portador apenas de uma hiperplasia benigna, doença que causa aumento da próstata e que afeta mais de 50% da população masculina acima de 50 anos.
Procurado, o urologista Miguel Srougi, responsável pelo atendimento ao senador, preferiu não fazer comentários sobre o assunto. ""Olhamos para a mesma pessoa (ACM) e, enquanto você vê um ser político, vejo um ser humano e quero protegê-lo."
A biopsia, feita no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, foi decidida quando, durante um check-up de rotina, foi detectado um aumento de PSA (antígeno prostático específico) acima do nível tolerável para a idade de ACM.
O PSA é uma proteína produzida pela próstata e eliminada pelo esperma, líquido que transporta os espermatozóides na ejaculação. Sua concentração pode ser detectada em exames de sangue.
De acordo com os especialistas, células tumorais produzem dez vezes mais PSA, o que explica a preocupação em relação a aumentos na concentração da substância no organismo.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Urologia em São Paulo, Eric Roger Wroclawski, embora o PSA considerado normal seja o abaixo de 4 mg/ml, na idade do senador, uma concentração entre 5 mg/ml e 6 mg/ ml não despertaria preocupações.
A solicitação da biopsia e o fato de ACM ter admitido um crescimento de 3 pontos em seu PSA durante um período de um ano e quatro meses são indicativos de que a concentração da proteína em seu organismo deve ter superado o estágio de 6 mg/ml.
De acordo com os especialistas, uma regra geral utilizada nesses casos é a de que o PSA deve corresponder ao peso da próstata dividido por dez.
O médico particular do senador, Bernardino Tranchesi, informou que a próstata do pefelista tem de 45 g a 50 g -um tamanho acima do normal para o órgão (geralmente com 20 g), mas não considerado preocupante, já que a frequência do crescimento benigno aumenta com a idade. Seguindo o critério dos especialistas, a concentração da proteína em ACM deveria estar entre 4,5 mg/ml e 5 mg/ml.
Médicos envolvidos no tratamento do senador avaliavam, na segunda-feira, que ACM tinha de 10% a 20% de risco de incidência de um tumor maligno no órgão.
Eliminada a possibilidade de câncer, os aumentos de PSA são atribuídos às infecções prostáticas ou, como na situação do pefelista, à hiperplasia benigna -cujas causas ainda não são completamente conhecidas.
A Folha apurou que o senador não apresenta os sintomas que podem aparecer com o aumento do órgão (como a retenção urinária) e por isso não será submetido a nenhum tratamento médico. Foi instruído apenas a repetir o exame de PSA em 2000.


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