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O QUE DEU CERTO
Geração de renda recupera a cidade
GILBERTO DIMENSTEIN
DO CONSELHO EDITORIAL
Está em andamento em Recife a criação de projeto batizado de "Porto Digital" -uma
experiência que mistura tecnologia de ponta e recuperação urbana-, sustentado pela Universidade Federal de Pernambuco, governo estadual, empresários e entidades não-governamentais.
Até pouco tempo uma zona degradada, ocupada por marginais
e prostitutas, o bairro do Recife,
criado pelos holandeses, parecia
irremediavelmente condenado
ao abandono, sem qualquer perspectiva econômica.
Numa articulação de várias esferas do poder público e iniciativa privada, os prédios foram recuperados, gerando lazer e cultura, num estilo semelhante ao que
ocorreu no Pelourinho, em Salvador -novos frequentadores
transitam pelo bairro.
Nesse espaço está em andamento uma experiência capaz de
garantir essa recuperação, fugindo dos riscos dos modismos dos
bares: dar incentivos para que ali
se concentre a produção de tecnologia digital, usando os armazéns
abandonados da região portuária como incubadoras de empresas ou centros de pesquisa.
Para lá vão ser transferidos,
instalados nos prédios históricos,
a Secretaria de Ciência e Tecnologia e um laboratório da Universidade Federal de Pernambuco.
Ao transformar um espaço urbano em pólo tecnológico, gerando renda e empregos sofisticados,
Recife tenta assegurar que as reformas não signifiquem apenas
fachadas.
Em várias partes do mundo,
bairros foram recuperados porque o poder público foi indutor
de atividades econômicas,
atraindo moradores de maior poder aquisitivo e capazes de abrir
lojas ou ateliês. Em Nova York, a
prefeitura facilitou a venda dos
chamados "lofts", antigas fábricas, a artistas -e, assim, rejuvenesceram-se locais hoje badalados no Soho, Tribeca ou Chelsea,
decadentes depois da mudança
do perfil econômico da região.
Essa mesma linha é seguida em
Santo André, no chamado "Programa Integrado de Inclusão Social", no qual estão envolvidas a
Organização das Nações Unidas
e a PUC de São Paulo. Foram desenvolvidas melhorias sociais em
quatro favelas nas áreas de educação, saúde e lazer, além de infra-estrutura.
Em troca do direito de participar do programa de renda mínima, exigiu-se das famílias que
participassem de cursos e oficinas, visando desenvolver habilidades profissionais. Surgiram
quatro cooperativas, ajudadas
por incubadoras: oficinas de costura, prestação de serviço de limpeza, construção civil e manutenção predial. As costureiras, por
exemplo, tiveram a ajuda do Senai.
O êxito do projeto é atribuído à
articulação entre diferentes esferas da prefeitura e do poder local.
Antes do início do programa, secretarias de educação, habitação,
saúde e desenvolvimento econômico montaram uma estratégia
conjunta de intervenção.
A chave do sucesso é descobrir a
vocação da comunidade e, a partir daí, ajudá-la a construir um
plano de geração de renda.
É o que se vê em Curitiba, onde
acoplou-se a construção de habitações a pequenos espaços para
que os moradores desenvolvam
alguma atividade comercial. E,
agora, como em Santo André,
galpões são incorporados com a
criação de cooperativas.
PS- mais detalhes estão em meu site (
www.dimenstein.com.br).
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