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A começar pelo presidente do banco, nome sugerido por Marta, indicações políticas atingiram todos os escalões
Ex-sindicalistas e apadrinhados ocupam CEF
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O loteamento de cargos promovido pela administração petista
transformou a CEF (Caixa Econômica Federal) em um verdadeiro
"condomínio". Convivem sob o
mesmo teto ex-sindicalistas e
apadrinhados de políticos da base
congressual do governo.
O critério político permeou o
preenchimento de todos os escalões, a começar pela presidência
da instituição, entregue a Jorge
Mattoso. Uma indicação da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy
(PT), de quem ele era assessor.
Mattoso trouxe João Carlos
Garcia. Acomodou-o na vice-presidência de Segmentos e Distribuição. Garcia mantém relações
com o mundo sindical. Entre 88 e
91, foi diretor financeiro do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Outro nomeado que tem perfil
sindical é Carlos Augusto Borges,
vice-presidente de Transferência
de Benefícios. Presidia, até fevereiro, a Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da
Caixa Econômica Federal).
Chama-se Paulo Roberto Paixão Bretas o vice-presidente de
Logística da CEF. É professor da
Universidade Estadual de Minas
Gerais. Ligado ao PT, chegou a
Brasília por indicação do deputado Patrus Ananias (PT-MG).
Para comandar a Sudel, superintendência nacional da CEF pela qual passam os programas sociais do governo, convocou-se
Mária da Penha Rangel. Foi diretora da Associação dos Gerentes
da CEF de Brasília. Hoje, integra o
conselho deliberativo da entidade. Antes de ser promovida, era
gerente de PAB (Posto de Atendimento Bancário) da CEF no prédio da Justiça do Trabalho.
A Gerência Nacional de Negociações Trabalhistas e Previdência
Privada foi entregue a Luiz Octávio Pereira Cuiabano. Também é
sindicalista. Dirigiu o Sindicato
dos Bancários de Belo Horizonte e
a Associação dos Funcionários da
Caixa Econômica de Minas.
O loteamento de cargos alcançou as superintendências da CEF
nos Estados. São chamadas de
ENs (Escritórios de Negócios).
Houve troca de comando em pelo
menos 40 das 76 superintendências. A maior parte das mudanças
ocorreu em julho. Só em São Paulo, há 18 Escritórios de Negócios.
Na dança de cadeiras, trocaram-se 12 superintendentes paulistas.
Há casos de superintendentes
da CEF que foram mantidos nos
postos, mas amargaram transferências para outros Escritórios de
Negócios. A Folha tentou contabilizar os remanejamentos. Mas a
CEF negou-se a fornecer a lista de
modificações, sob o seguinte argumento: "Resguardo da incolumidade pessoal e da segurança
das referidas pessoas", que seriam
alvos potenciais de sequestros.
Em Minas Gerais, um dos nomeados é Dimas Wagner Lamounier. Filiado ao PT mineiro, atuava, na virada do governo, como
consultor da área de loterias da
CEF. Uma função que, pelas normas da instituição, não o credenciava para o cargo de superintendente. Por isso, antes de assumir
as novas funções, foi nomeado gerente de agência em São Paulo.
Em Santa Catarina, Vânio dos
Santos (PT-SC), suplente de deputado estadual, apadrinhou a renovação de dois escritórios da
CEF no Estado. Um dos indicados
do suplente Santos, Pedro Daniel
Rudolfo, assumiu o cobiçado escritório de Florianópolis. Antes,
era chefiado por Carlos Wengerkievicz, cuja administração chegou a ocupar o primeiro lugar no
ranking de cumprimento de metas estabelecidas pela CEF. Virou
gerente da agência da CEF no prédio da Justiça Federal de Joinville.
Fisiologismo
Distribuíram-se Escritórios de
Negócios da CEF também entre
parlamentares governistas. No
Rio Grande do Sul, o PTB, a pedido da deputada Kelly Moraes, foi
contemplado com a superintendência de Santa Maria, entregue a
José Ari Prates. Prates não se
manteve no cargo. Perdeu-o para
o antecessor. Motivo: a deputada
que o apadrinhou votou contra a
reforma da Previdência.
Na Bahia, o líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino, quase
conseguiu arrematar dois dos três
cargos existentes. Apadrinhou o
superintendente do escritório de
Feira de Santana, Aristóteles Menezes. Só não teve sucesso na superintendência de Salvador porque seu indicado, Paulo Mendes,
anunciou antes que assumiria a
função. A pressa lhe valeu o veto
do Sindicato dos Bancários da Bahia, comandado pelo PC do B.
Do conflito, surgiu a nomeação
de José Raimundo Cordeiro Júnior, irmão do ex-deputado Marcelo Cordeiro. Foi o segundo na
hierarquia da Secretaria Geral da
Presidência da República na gestão Fernando Henrique Cardoso.
O único Escritório de Negócios
de Mato Grosso ficou para o deputado Pedro Henry, líder do PP,
que, na Câmara, contabilizou os
50 votos de sua bancada a favor
do governo nas reformas. Henry
apadrinhou Edy Veggi Soares.
O deputado Henry teve melhor
sorte que a senadora petista Serys
Slhessarenko (MT). Os dois disputavam o mesmo escritório mato-grossense da CEF.
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