São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2004

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LIXO PAULISTA

Advogado incita promotores a provar sua culpa e a processá-lo

Buratti diz que apuração é "louca" e desafia Promotoria

ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO

O advogado Rogério Buratti, acusado de envolvimento no escândalo Waldomiro Diniz e de suposta participação em esquema de fraudes em licitações da empreiteira Leão Leão, de Ribeirão Preto, classificou de "loucas" as investigações do Ministério Público Estadual de Ribeirão Preto. Buratti disse que irá representar na Corregedoria os promotores por perseguição.
As declarações de Buratti foram dadas ontem após depoimento à Polícia Federal, em Ribeirão Preto, sobre o caso GTech. O depoimento dado ao delegado Antonio Cesar Nunes durou cerca de três horas. "Se cometi algum ilícito, apontem o ilícito real, me processem, eu me defendo. Se eu for condenado, aí eu vou cumprir pena e volto para minha vida. Agora, o que não pode é eles me manterem meses e anos a fio como um suspeito. Suspeito de nada, porque eles não conseguem apontar um ato ilícito meu."
Sorridente, Buratti disse que estava "muito feliz" por poder dar esclarecimentos e elogiou o trabalho da PF (Polícia Federal) nas investigações. "Esta semana é uma semana feliz porque estou prestando esclarecimentos. Porque ultimamente só estou sendo investigado. Ultimamente só invadem minha casa, invadem propriedade. Assustam pessoas, invadem [a casa do] o contador. Não me ouvem. Hoje, eu posso dizer que sou uma pessoa feliz porque fui ouvido", afirmou.
Buratti negou conhecer Waldomiro Diniz e disse que foi procurado pela GTech para intermediar o contrato entre a multinacional e a renovação do contrato com a CEF (Caixa Econômica Federal) no valor de R$ 650 milhões, mas não aceitou. Disse não saber por que foi procurado.
"Eu falei a verdade. O que tenho dito desde março, que eu fui procurado pela GTech para fazer intermediação de uma coisa que não podia fazer e não aceitei o convite. Não conheço Waldomiro Diniz. Eu acho que ele não me indicou, mas seria bom perguntar isso para ele", afirmou ele.
Além de Buratti, também prestou depoimento a professora Elza Buratti, mulher do advogado e sócia na BBS Consultores e Associados, empresa que seria contratada pela GTech para articular a renovação com a CEF. "Eu disse que nunca tinha ouvido falar de GTech", afirmou ela. Em entrevista, Elza cometeu um ato falho. Ao ser questionada qual o relacionamento entre seu marido e Wilney Barquete, presidente da Leão Ambiental [que se demitiu ontem], ela disse que era total. "Afinal, eles são da mesma empresa".
Oficialmente, Buratti está afastado da empresa desde março, apesar de as investigações da Promotoria apontarem ao contrário. Questionado sobre o tempo verbal, a professora recuou. "Eram. É que sou professora de matemática e o português não é meu forte", disse ela que dá aula na escola municipal Antonio Palocci.
O grupo de promotores de Ribeirão que investiga Buratti informou que não "há nada de pessoal contra o advogado" e que o acompanhamento das investigações foi designado pela Procuradoria Geral. Os promotores negam ter vazado informações à imprensa.


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