São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TODA MÍDIA

Sobe, cresce, se consolida...

NELSON DE SÁ

Foi na margem de erro, de gigantescos três pontos percentuais para cima ou para baixo, mas a pesquisa Sensus que apontou oscilação positiva na avaliação do governo Lula ganhou destaque por todo lado.
Na home do UOL, "avaliação positiva do governo sobe". No texto, "caiu o número dos que não votariam num candidato indicado por Lula". Na home da Globo On Line, algo semelhante.
Para Jovem Pan e CBN, é a "consolidação da recuperação da popularidade" do governo. Na rádio Band, "o desempenho pessoal também se consolida".
Coisa semelhante se viu pelos canais de notícias e, depois, nos telejornais. Por exemplo, manchete do Jornal da Band:
- Cresce a aprovação do governo Lula.
E do Jornal da Record:
- Avaliação positiva do governo Lula sobe.
E assim foi parar no "Financial Times", que adiantou reportagem intitulada "Lula da Silva vê sua taxa de popularidade subir".
Para o jornal econômico, como por aqui, o que importa é saber se a elevação -de novo, dentro da margem de erro- terá efeito no voto, no próximo domingo:
- Se por um lado o estado da economia e a popularidade do presidente influenciam os eleitores, por outro as eleições municipais vêm sendo tradicionalmente guiadas por temas locais.
A não ser, é claro, que se faça de uma pequena oscilação uma manchete -ou muitas, em coro.
 
O "FT" mistura na reportagem a popularidade e a queda na taxa de desemprego em São Paulo -sublinhando que a pesquisa Sensus foi feita "em meio a forte recuperação econômica" e, agora, "à menor taxa de desemprego desde que Lula tomou posse".
É a pesquisa Seade/Dieese, que também fez manchetes por todo lado. Da reportagem da Globo, à tarde, que saiu mostrando perfis de recém-empregados:
- Técnico mecânico pelo Senai, Marcos Garcia é um desses profissionais disputados. Ele pode até escolher onde trabalhar.
E Marcos Garcia:
- Eu tinha três opções.
Novamente, também em relação à pesquisa Seade/Dieese existe um "porém" -só que pouco lembrado nas manchetes de telejornais e demais. No registro do JN, "o desemprego caiu, mas a renda também".

Mário Vale - www.hojeemdia.com.br
Peli - www.ofarroupilha.com.br
Clayton - www.noolhar.com/opovo

VAI ACABAR Hoje é o último dia dos candidatos a prefeito, mas ontem cartunistas de norte a sul -como Mário Vale no mineiro "Hoje em Dia", Clayton no cearense "O Povo" e Peli no gaúcho "O Farroupilha"- traduziam a sensação de não agüentar mais o cerco televisivo. Os excessos foram parar até no site do "New York Times", ontem, em reportagem intitulada "As eleições locais no Brasil são um grande show de variedades"

Maluf, não
Na tensa expectativa do debate na Globo, amanhã, os esforços estão concentrados em calar Paulo Maluf. Até em seu partido. Segundo a Folha On Line, ontem o presidente do PP municipal, Celso Russomano, conseguiu cortar o candidato do horário de seus próprios vereadores, para os últimos programas.

Arrastão
Em semana de eleição, lá está ele de volta ao JN, o "arrastão" nas areias do Rio. Foi manchete, com imagens "amadoras" e a narração "em tempo real":
- Os bandidos deixam a praia caminhando tranqüilos.
E para fechar a cobertura:
- A delegacia fica a cerca de 200 metros dos ataques.

Sem aventura
O "Financial Times" foi até a Bahia para mostrar que "o Brasil projeta uma mudança de direção para a Ford". A fábrica baiana, que os "críticos ridicularizavam como uma aventura", se tornou "pólo de exportação".
E "ajudou a virar a página num capítulo sombrio da presença da Ford na América do Sul".


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Caixa baixa: Governo inflou gastos com o Fome Zero, diz consultoria do Senado
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.