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Estimativa é que dos R$ 14,5 bi previstos para o programa em 2005, R$ 5,5 bi são para ações de outras pastas
Governo inflou gastos com o Fome Zero, diz consultoria do Senado
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal inflou os gastos com o Fome Zero na LDO (Lei
de Diretrizes Orçamentárias) do
próximo ano, de acordo com a
Consultoria de Orçamentos do
Senado. Dos R$ 14,5 bilhões previstos para 2005, R$ 5,5 bilhões
são referentes a ações de outros
ministérios, como os da Fazenda
e da Saúde, e que até este ano não
eram classificadas como medidas
de combate à fome.
Em 2004, foram autorizados R$
5,3 bilhões para o Fome Zero, dos
quais R$ 3,7 bilhões foram liberados até agora. Se forem levados
em conta os R$ 14,5 bilhões autorizados na LDO de 2005, houve
um incremento de 173,5% em relação ao montante previsto para
este ano. Já na visão da Consultoria de Orçamentos do Senado, o
aumento seria de 67,9%.
O combate à fome é uma das
principais bandeiras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que
defendeu, na abertura da 59ª Assembléia Geral das Nações Unidas, na semana passada, em Nova
York, a criação de um fundo
mundial para tentar resolver o
problema no planeta.
Uma das ações que estariam
distorcendo o Orçamento do Fome Zero para o próximo ano é a
"Formação de Estoques Públicos"
do programa de abastecimento
agroalimentar do Ministério da
Agricultura. Nesta rubrica, estão
previstos R$ 1,9 bilhão.
"Essa é uma política de governo
para regular os preços de grãos e
existe há mais de 20 anos. Isso
ocorre em todos os países, ainda
mais no Brasil, que depende da
exportação de produtos agrícolas.
Nada tem a ver com o Fome Zero", disse o coordenador geral de
Orçamentos na Consultoria do
Senado, Luiz Perezino.
Outra distorção estaria na inclusão do "Financiamento e Equalização de Juros para a Agricultura
Familiar - Pronaf", do Ministério
da Fazenda, no programa do Ministério do Desenvolvimento Social. Foram destinados R$ 3,5 bilhões para essa ação na LDO de
2005. "Esse é um subsídio que o
governo paga para empréstimos
para a agricultura familiar que
existe desde 1992, de acordo com
a lei 8.427", disse Perezino.
O terceiro ponto que contribuiria para "vitaminar" o Fome Zero
no próximo ano é a ação "Vigilância Sanitária de Produtos" do Ministério da Saúde, para a qual estão previstos R$ 61 milhões.
Os dados do Fome Zero estão
no Anexo das Informações Complementares ao Projeto de Lei Orçamentária de 2005. A LDO define as regras e serve de parâmetro
para a elaboração do Orçamento.
Parlamentares já haviam acusado o governo de maquiar o Orçamento de 2004 ao incluir R$ 3,6
bilhões do Fundo de Combate à
Pobreza nos gastos com saúde,
para atingir o mínimo de investimentos exigido na Constituição
para a área. O governo recuou.
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