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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ DIA DA CAÇA
Peemedebista, que se considera traído pelo presidente do Senado, declarou apoio ao pefelista José Thomaz Nonô já no primeiro turno
Temer ataca Renan ao anunciar desistência
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Com um duro discurso contra o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a articulação política do governo, o presidente do PMDB, Michel Temer
(SP), renunciou ontem à sua candidatura para dirigir a Câmara e
convocou a bancada do seu partido a votar no candidato da oposição, o pefelista José Thomaz Nonô (AL).
No pronunciamento de 15 minutos, Temer acusou Renan de ter
trabalhado a mando do Palácio
do Planalto para esvaziar sua candidatura e angariar votos para Aldo Rebelo (PC do B-SP). Em seguida, em entrevista, foi ainda
mais direto ao expor a rusga: "Sugiro ao Renan que procure outras
companhias, porque na minha ele
não se dará bem". Disse também
que a manobra governista "agrava a relação do PMDB com o governo".
Após desistir de concorrer, Temer se reuniu com Nonô, na noite
de anteontem, para negociar o
apoio de pouco mais de 30 peemedebistas que o seguiriam. No
encontro, decidiu que anunciaria
publicamente seu apoio a Nonô
na tribuna em retaliação à articulação governista.
"Esta Casa não pode vergar-se
ao Poder Executivo, mas também
não deve hostilizá-lo. Ao ler a
Constituição Federal, verifica-se o
tema da independência e harmonia entre os Poderes. Agora, fazer
desta Casa uma sucursal, seja da
presidência do Senado Federal ou
do Executivo, é a negação do texto
constitucional", discursou.
Ex-presidente da Câmara por
dois mandatos, Temer iniciou seu
pronunciamento afirmando que
jamais havia pensado em voltar a
se candidatar ao posto, mas que
fora convencido por colegas na
Casa a disputar, entre eles o próprio Renan. Em tom de ironia,
afirmou que "almoçava com o
eminentíssimo, exatíssimo, excelentíssimo, extraordinário presidente do Senado, Renan Calheiros", quando houve um acerto
para que ele competisse.
"Sua Excelência [Renan] me colocou ao telefone com o eminente
presidente José Sarney, esse estadista que prestou um serviço extraordinário ao país e confio em
sua palavra, e me disse que o ideal
seria ir até o fim. Fez-se uma reunião da bancada, que me lançou
por unanimidade", afirmou.
Segundo ele, entretanto, sua
candidatura começou a minguar
duas horas depois de um encontro com Renan. "Fui a uma espécie de missão partidária, isso se
deu às 7h da noite, para que logo,
às 9h da noite, a articulação do
eminente presidente do Senado
fosse feita em outra direção."
O senador José Sarney (PMDB-AP) afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não se
sente atingido pelas palavras de
Temer e que tem "o maior apreço" pelo presidente do PMDB,
mas que não concorda com o que
ele falou a respeito de Renan.
Ele também voltou a ser aplaudido ao citar uma nota publicada
no blog do jornalista Jorge Moreno, a qual afirma que Renan "comete falta de decoro e crime de
prevaricação, perdendo a autoridade para conduzir qualquer reforma política que trate de fidelidade partidária".
No discurso, Temer reclamou
que a articulação de Renan retratava "a distância entre palavra e
ação". "Posso tratar da fidelidade
partidária, outros tantos dão o
mau exemplo da chamada incorreção política e nos desmoralizam
perante a opinião pública."
Na seqüência, disse que só
apontava três nomes para assumir a direção da Câmara atualmente: o dele próprio, o primeiro-secretário, Inocêncio Oliveira
(PL-PE), e José Thomaz Nonô.
Disse também, na sua opinião, o
ideal é que, no futuro, fosse feita
uma alteração regimental autorizando o 1º vice-presidente a herdar o posto em caso de vacância.
O peemedebista terminou seu
discurso pedindo votos para Nonô na sucessão de Severino Cavalcanti. "Renuncio à minha candidatura e declaro apoio explícito e
definido aos meus companheiros
do PMDB, que não agirão como
sacripantas."
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