São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

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Senador admite inspeção com avião da Pagrisa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) disse à Folha estar preocupado com a polêmica gerada no caso da Fazenda Pagrisa por "denegrir a imagem do Pará e do Brasil". Ele qualificou como "incorreta" a atitude da secretária de Inspeção do Trabalho, Ruth Vilela, que paralisou a fiscalização do grupo do Ministério do Trabalho.
Ribeiro confirma que esteve na fazenda no último dia de fiscalização, em julho, e que chegou ao local com avião cedido pela empresa. "Os empresários viabilizaram minha ida ao local, onde não existe a presença linhas aéreas comerciais."
(FELIPE SELIGMAN)

 

FOLHA - Qual é a relação do senhor com os proprietários da Fazenda Pagrisa?
FLEXA RIBEIRO -
Eu não conhecia os empresários até que um amigo comum me procurou para que eu os recebesse. Ele disse que tinham denúncias de excessos na fiscalização e queriam investigação. A fiscalização começou em uma quinta e eu recebi os empresários na segunda seguinte. Até então, nunca tinha tido qualquer contato com eles. A Pagrisa é uma empresa do meu Estado que produz etanol há 25 anos.

FOLHA - Como foi a reunião?
RIBEIRO -
Foi no meu escritório em Belém. Eles me disseram que estavam havendo excessos por parte dos fiscais. Eu disse que precisava ir a Brasília, mas que visitaria a fazenda antes do fim das inspeções. Voltei para Brasília e convidei o senador José Nery (PSOL-PA) para me acompanhar. Lamentavelmente, ele não pode ir comigo.

FOLHA - E como o senhor foi até a fazenda?
RIBEIRO -
A fazenda fica a 400 km de Belém. Os empresários apenas viabilizaram minha ida ao local, onde não existe a presença linhas aéreas comerciais. Assim como o Senado viabilizou a ida dos senadores na semana passada.

FOLHA - O senhor esteve lá na fazenda na época da fiscalização e, na semana passada, com os outros senadores. O local estava igual nas duas ocasiões?
RIBEIRO -
Não vou entrar no mérito agora. Criamos a comissão especial exatamente para isso. É uma comissão suprapartidária para dizer se houve ou não excessos dos fiscais. Eu li na imprensa que o ministro [do Trabalho, Carlos Lupi] questionou o fato de investigarmos apenas este caso entre outros 500. Mas isso é porque houve uma denúncia, e nos outros casos, não.

FOLHA - E como o senhor vê a atitude de Ruth Vilela de paralisar os trabalhos de fiscalização?
RIBEIRO -
Eu sou a favor do trabalho feito pelo Grupo Móvel [como são conhecidas as equipes]. É um trabalho muito importante. Mas a atitude dela é incorreta. Acredito que é ela quem quer desqualificar o Senado, que tem o direito constitucional de averiguar qualquer ato do poder público. Achei muito estranho. Não queremos desqualificar o trabalho do governo. Queremos apenas esclarecer o que houve. Eu fico apenas preocupado, pois essa polêmica denigre a imagem do Pará e do Brasil.


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