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Outro lado
Fiscais abusaram, diz diretor da fazenda
Marcos Villela Zancaner, diretor-presidente da Pagrisa, nega as irregularidades apontadas pelo Ministério do Trabalho
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA
O diretor-presidente da Fazenda Pagrisa, Marcos Villela
Zancaner, negou as irregularidades na propriedade e disse
que houve "abuso de autoridade" por parte dos fiscais do Ministério do Trabalho.
Sobre trabalhadores que não
recebem salários, o empresário
disse que houve um equívoco
de uma funcionária dos Recursos Humanos, que trabalha
com a folha de pagamento. Ele
diz que todos os funcionários
têm carteira de trabalho assinada, conta no Banco do Brasil
e recebem pelo que trabalham.
Também disse que a folha de
pagamento da empresa varia
entre R$ 750 e R$ 2.000. "Tive
um funcionário que ganhava
R$ 2.000 e que, mesmo assim,
deixou a empresa na época da
fiscalização", afirmou.
Sobre os alimentos, Zancaner alega que a Nutrivita, "empresa séria que também atende
a Coca-Cola e a Vale do Rio Doce", é a responsável pelo fornecimento. Ele negou que houve
distribuição de equipamentos
de seguranças no dia da fiscalização. Segundo ele, a empresa
possui técnicos que vão a campo substituir equipamentos
rasgados por novos.
O empresário admitiu que,
"naquela hora de sufoco", procurou o senador Flexa Ribeiro
(PSDB-PA), por meio de um
amigo em comum. "Como a fazenda é distante, ele me pediu
para disponibilizar um avião e
nós disponibilizamos".
Zancaner também negou todos os maus-tratos apontados
pelos três trabalhadores ouvidos pela Folha. "Nunca ouvi falar de bicho em comida", disse.
"Quando os fiscais foram lá,
comeram essa comida. Se tivesse bicho, você acha que eles
comeriam?", questionou.
Em relação ao local onde os
cortadores de cana ficavam,
disse que é "da cultura" do Pará
a colocação de redes em vez de
camas. A suposta superlotação,
afirmou, nunca aconteceu.
"O que houve é que, um tempo atrás, a gente teve um problema com um gerador de
energia e tivemos que colocar o
pessoal de um alojamento em
outro. Mas quando os fiscais
chegaram havia até dois alojamentos vazios. Sobrava lugar",
afirma ele.
Afirmou ainda que boa parte
das má condições desses locais
se deve a depredações e ao fato
de que, quando os fiscais chegaram, os funcionários da limpeza pararam de trabalhar.
Zancaner, sobrinho-neto do
senador paulista Orlando Zancaner (1923-1995), disse estar
vivendo uma injustiça. "É injusto demais da conta. Eu jogo
bola com os funcionários, meus
filhos estudam no mesmo colégio que os filhos deles estudam.
Somos gente simples."
A Pagrisa também fez um
"contra-relatório" para responder à autuação. Segundo o
relatório, um dos 44 alojamentos da empresa estava com problemas.
"As pequenas irregularidades são absolutamente insuficientes para caracterizar o trabalho em condições degradantes ou análogas a de escravo",
afirma o relatório.
A empresa diz ainda que o
fiscal "aliciou" os trabalhadores, "prometendo o pagamento
de todos os salários do contrato
de safra, um salário de aviso
prévio, mais três salários de seguro-desemprego, e mais, tudo
isso para ficar em casa".
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