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COMENTÁRIO
Debate real fica para depois
NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
Pode ser o último debate antes do primeiro turno, avisava a
Record, ontem. É que a Globo
estaria pressionando para ter
cinco candidatos em seu programa, na quinta-feira. Poderia
nem transmitir.
A certa altura, já com uma
hora de encenação desgastante,
Geraldo Alckmin não suportou
a farsa e perguntou, mais cansado do que irônico, olhando
para a câmera: "A quem serve
Ciro Moura?".
Os supostos candidatos até
cresceram como personagens,
do primeiro para o segundo
programa. Chegam agora a travar diálogos curiosos, engraçados, a levantar questionamentos significativos.
Mas o que havia de debate
ontem, de fato, olhava para o
segundo turno. Daí Marta Suplicy bater sem trégua na administração de Gilberto Kassab
-e Alckmin tentar o mesmo, ao
fundo, esperançoso.
A petista e o tucano falavam
do prefeito "democrata" até em
respostas inteiras a terceiros,
mal percebendo a existência
dos intermediários.
De resto, eram figurantes a
serviço de um, de outro -ou
voltados, quem sabe, a uma
campanha futura.
Ivan Valente, em passagem
especialmente infeliz, questionou trechos do programa de governo de Ciro Moura, como se
estivesse a tratar de realidade.
Outros fizeram o mesmo com
Renato Reichmann.
Soninha voltou a ser usada
por Kassab e voltou a desempenhar seu papel sem qualquer
constrangimento.
Paulo Maluf, em ambiente
tão francamente de ficção, é
quem se dá melhor, sempre.
Distribuiu, com a conhecida
desfaçatez machista, frases de
efeito e insinuações contra
Marta, contra Soninha. Ponto
para as duas, que não se constrangeram ou deixaram acuar,
reagindo à altura.
Mas nada daquilo servia ao
esclarecimento, a um voto mais
consciente. Democracia aprofundada e interesse do cidadão,
supostamente defendidos pela
Justiça Eleitoral, ficam para o
segundo turno.
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