São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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Ligação com Lerner causa paradoxo

DO ENVIADO ESPECIAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA


O prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi (PFL), vive um paradoxo. As pesquisas de opinião demonstram que a sua gestão tem aprovação de quase dois terços dos curitibanos. Mesmo assim, Taniguchi, 59, não venceu no primeiro turno e só ficou em condições reais de se reeleger na última semana de campanha. O nome do paradoxo é o governador do Paraná, Jaime Lerner (PFL).
A carreira de Taniguchi e de Lerner são interdependentes desde que se conheceram em 1971. Lerner, então prefeito nomeado de Curitiba aos 32 anos, precisava de um engenheiro para um projeto de transformação da rede ferroviária da cidade e um amigo comum indicou Taniguchi.
Meses depois, Taniguchi virou o secretário municipal dos Transportes. Quando a gestão se encerrou, Lerner convidou o assessor a ser sócio do seu escritório de urbanismo. Taniguchi participou de todas as equipes lernistas dos últimos 30 anos e era o preferido do atual governador para ser o candidato a prefeito em 1992, mas acabou atropelado por Rafael Greca, que ganhou a indicação e a eleição.

Imagem desgastada
Alçado à vida pública por Lerner, Taniguchi hoje paga o preço com o crescimento da candidatura do deputado estadual Ângelo Vanhoni (PT). A imagem do governo estadual está desgastada, e as pesquisas internas do PFL informam que o crescimento do PT está diretamente vinculado a uma "vingança" dos eleitores. Por decisão dos marqueteiros, Lerner quase não apareceu na campanha de TV do PFL.
"Não houve tentativa de me desvincular do Lerner. Seria falsidade. Mas esta é uma eleição municipal, temos que discutir os problemas da cidade, não os do Estado", diz Taniguchi.
Também é um teste para que Taniguchi alcance vôo próprio, como herdeiro político de Lerner.

Perfil técnico
Assim como o atual governador no início da carreira, ele faz campanha se mostrando como um "técnico", não ligado aos partidos. Durante a campanha, o prefeito fez declaração em cartório segundo a qual, em caso de reeleição, não iria renunciar para ser candidato à sucessão estadual.
Filho de imigrantes da região de Osaka (Japão), Taniguchi aprendeu a língua japonesa antes de começar a falar português. Na infância, a professora achava que ele tinha raciocínio lento porque demorava para responder a questões da tabuada. Fazia as contas primeiro em japonês e só depois respondia à pergunta em português. (TT e WO)


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