São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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CURITIBA
Cada um dos candidatos tem 50% dos votos válidos, segundo pesquisa feita pelo Datafolha; debate de sexta, assistido por mais da metade dos entrevistados, pode ser decisivo
Taniguchi e Vanhoni estão empatados

THOMAS TRAUMANN
ENVIADO ESPECIAL

WAGNER OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA EM CURITIBA

Curitiba chega ao segundo turno dividida entre Cássio Taniguchi (PFL), atual prefeito, e Ângelo Vanhoni (PT), indica o Datafolha. Os adversários no segundo turno estão empatados, ambos com 50% dos votos válidos.
Das capitais onde houve debate anteontem na TV, a exibição do programa pode ser decisiva na capital do Paraná. Mais da metade dos entrevistados (53%) assistiu ao debate. Desses, 46% afirmaram que Taniguchi foi o vencedor. Para 41%, foi Vanhoni.
A eleição em Curitiba é uma disputa entre PT e PFL por uma vitrine para a campanha presidencial de 2002. Como a cidade tem um dos melhores índices de qualidade de vida entre as capitais, os dois partidos consideram que seus projetos terão resultados rápidos.
A Prefeitura de Curitiba tem o maior orçamento para investimentos da região Sul. Além disso, concentra na sua região metropolitana o segundo pólo automobilístico do país, depois do ABCD, com fábricas da Renault, Audi, Chrysler e Volvo.
"Ter uma gestão petista em Curitiba, ainda mais vencendo o PFL, fortalece o plano do PT para a eleição presidencial", afirma o deputado federal João Paulo Cunha, coordenador nacional de marketing do PT.
"Curitiba tornou-se um exemplo para o país com administrações do PFL. É natural que o partido pretenda mostrar essa experiência na campanha de 2002", diz o presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen.
Na última semana, a cidade viveu um clima de Atletiba, o clássico local de futebol entre Atlético Paranaense e Coritiba. A eleição é discutida nos cafés e bares com fervor quase religioso. Nas ruas, é difícil achar pedestres sem símbolos da campanha - uma lâmpada para os pefelistas e uma estrela amarela para os petistas. Dezenas de cabos eleitorais dos dois candidatos disputam a atenção dos motoristas nos semáforos.
Esta é a eleição mais acirrada na cidade desde 1985. Os partidos estimam que a diferença entre os candidatos na eleição de hoje deve girar entre 15 mil e 35 mil votos, o que equivale a uma variação entre 1,5% e 3,5% dos votos.
A campanha em Curitiba foi uma gangorra. No primeiro turno, Taniguchi liderou com folga nas pesquisas. Vanhoni fez uma campanha com propostas sobre como continuar a gestão do PFL e subiu na reta final. O prefeito teve no primeiro turno 43,97% dos votos contra 35,37% do deputado.
O crescimento do PT logo após o primeiro turno foi espantoso. Na primeira pesquisa Datafolha no segundo turno, Vanhoni tinha 20 pontos percentuais à frente de Taniguchi. Assessores do PFL deram a campanha como perdida.
Houve intervenção na campanha pefelista, que passou a ligar Vanhoni à inexperiência administrativa e ao movimento de invasões de terra. O prefeito voltou a crescer nas pesquisas.
Panfletos apócrifos acusavam o petista de ser "comunista que prega a volta do regime totalitário e estatal que torturou e matou milhões de pessoas na ex-União Soviética". O PFL não assumiu a autoria do material.
Vanhoni só reagiu na quarta-feira, depois de pressão do líder petista Luiz Inácio Lula da Silva. Acusou o prefeito de favorecer a empresa da mulher e reforçou a identificação de Taniguchi com o governador Jaime Lerner (PFL).


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