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FORTALEZA
Com desistência do prefeito de participar de debate na televisão anteontem,
candidato do PC do B perde última grande chance para tentar virada nas eleições de hoje
Juraci está com 61%; Inácio atinge 39%
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
OSCAR PILAGALLO
ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA
Juraci Magalhães (PMDB), prefeito de Fortaleza candidato à reeleição, oscilou negativamente um
ponto e está com 61% dos votos
válidos. Seu adversário, Inácio
Arruda (PC do B), oscilou um
ponto para cima e atingiu 39%.
O Datafolha realizou 2.208 entrevistas anteontem. A margem
de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Com a desistência de Magalhães
de participar do debate de anteontem, Arruda perdeu a última
grande chance de virar o jogo.
Inácio Arruda, que encabeça
uma frente de esquerda da qual
faz parte o PT, é considerado um
político mais preparado para o
debate e, estando em grande desvantagem nas pesquisas, era o
único que poderia ganhar com a
realização do evento.
Carlos Gadelha, marqueteiro de
Juraci, disse que a decisão, anunciada com poucas horas de antecedência, deveu-se à expectativa
de que o debate seria marcado por
agressões por parte de Inácio.
Juraci, à frente de uma aliança
conservadora, não participara de
nenhum debate no segundo turno, mas havia afirmado que iria
ao último, promovido pela afiliada da TV Globo no Ceará.
A Justiça não permitiu, como
em ocasiões anteriores, que o debate se transformasse numa entrevista com Inácio.
A relevância nacional da eleição
em Fortaleza praticamente desapareceu. No primeiro turno, as
atenções estavam voltadas para
Patrícia Gomes (PPS), que tinha o
apoio de dois presidenciáveis
-seu ex-marido, Ciro Gomes
(PPS) e o governador Tasso Jereissati (PSDB). Patrícia acabou a
corrida em quarto lugar.
No segundo turno, a importância da eleição em Fortaleza só extrapolaria o âmbito regional em
caso de vitória de Inácio Arruda,
possibilidade que ficava mais remota à medida que se aproximava o dia da eleição.
Uma eventual vitória da esquerda daria a Lula um palanque estratégico: a capital de um estado
de governo tucano. Não foi por
outro motivo que, na reta final,
vieram a Fortaleza as maiores estrelas dos partidos de esquerda.
A campanha de Juraci Magalhães foi marcada pela divulgação
das obras de seu governo, em
grande parte financiadas pelo governo federal por intermédio do
BNDES que, em meados do primeiro semestre, começou a liberar um empréstimo superior a R$
70 milhões. Na visão do PPS, seria
uma maneira de minar as bases
de Ciro, adversário provável dos
tucanos em 2002.
Com esse apoio oportuno do
BNDES, Juraci teve de se esforçar
para transmitir a idéia de que faz
oposição ao governo federal. Falou muito em "meu PMDB", numa tentativa de se distanciar do
PMDB que faz parte da base partidária do governo federal. Devido
ao impacto eleitoral das obras, no
entanto, o saldo foi positivo, mesmo considerando-se as denúncias
de irregularidades.
No nível estadual, foi mais fácil
vender a imagem de oposição,
embora o governador, de quem é
adversário, talvez prefira uma vitória sua do que a da frente de esquerda. Formalmente, Tasso não
manifestou apoio no segundo
turno, como também não o fizeram Ciro e Patrícia Gomes.
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