São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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FORTALEZA
Com desistência do prefeito de participar de debate na televisão anteontem, candidato do PC do B perde última grande chance para tentar virada nas eleições de hoje
Juraci está com 61%; Inácio atinge 39%

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

OSCAR PILAGALLO
ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA

Juraci Magalhães (PMDB), prefeito de Fortaleza candidato à reeleição, oscilou negativamente um ponto e está com 61% dos votos válidos. Seu adversário, Inácio Arruda (PC do B), oscilou um ponto para cima e atingiu 39%.
O Datafolha realizou 2.208 entrevistas anteontem. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Com a desistência de Magalhães de participar do debate de anteontem, Arruda perdeu a última grande chance de virar o jogo.
Inácio Arruda, que encabeça uma frente de esquerda da qual faz parte o PT, é considerado um político mais preparado para o debate e, estando em grande desvantagem nas pesquisas, era o único que poderia ganhar com a realização do evento.
Carlos Gadelha, marqueteiro de Juraci, disse que a decisão, anunciada com poucas horas de antecedência, deveu-se à expectativa de que o debate seria marcado por agressões por parte de Inácio.
Juraci, à frente de uma aliança conservadora, não participara de nenhum debate no segundo turno, mas havia afirmado que iria ao último, promovido pela afiliada da TV Globo no Ceará.
A Justiça não permitiu, como em ocasiões anteriores, que o debate se transformasse numa entrevista com Inácio.
A relevância nacional da eleição em Fortaleza praticamente desapareceu. No primeiro turno, as atenções estavam voltadas para Patrícia Gomes (PPS), que tinha o apoio de dois presidenciáveis -seu ex-marido, Ciro Gomes (PPS) e o governador Tasso Jereissati (PSDB). Patrícia acabou a corrida em quarto lugar.
No segundo turno, a importância da eleição em Fortaleza só extrapolaria o âmbito regional em caso de vitória de Inácio Arruda, possibilidade que ficava mais remota à medida que se aproximava o dia da eleição.
Uma eventual vitória da esquerda daria a Lula um palanque estratégico: a capital de um estado de governo tucano. Não foi por outro motivo que, na reta final, vieram a Fortaleza as maiores estrelas dos partidos de esquerda.
A campanha de Juraci Magalhães foi marcada pela divulgação das obras de seu governo, em grande parte financiadas pelo governo federal por intermédio do BNDES que, em meados do primeiro semestre, começou a liberar um empréstimo superior a R$ 70 milhões. Na visão do PPS, seria uma maneira de minar as bases de Ciro, adversário provável dos tucanos em 2002.
Com esse apoio oportuno do BNDES, Juraci teve de se esforçar para transmitir a idéia de que faz oposição ao governo federal. Falou muito em "meu PMDB", numa tentativa de se distanciar do PMDB que faz parte da base partidária do governo federal. Devido ao impacto eleitoral das obras, no entanto, o saldo foi positivo, mesmo considerando-se as denúncias de irregularidades.
No nível estadual, foi mais fácil vender a imagem de oposição, embora o governador, de quem é adversário, talvez prefira uma vitória sua do que a da frente de esquerda. Formalmente, Tasso não manifestou apoio no segundo turno, como também não o fizeram Ciro e Patrícia Gomes.


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