São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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RIO DE JANEIRO
Prefeito tem 53% dos votos válidos, e Maia está com 47%; indica Datafolha; petebista consegue direito de resposta contra suposta ligação com boatos de arrastão na cidade
Vantagem de Conde cai para 6 pontos

DA SUCURSAL DO RIO

Pesquisa Datafolha feita ontem aponta que caiu de 14 para 6 pontos percentuais vantagem de Luiz Paulo Conde (PFL) para Cesar Maia (PTB) na disputa pela Prefeitura do Rio.
Conde, que tinha 57% dos votos válidos no último dia 24, está agora com 53%. Maia, por sua vez, passou de 43% dos votos válidos no último levantamento para os atuais 47%. O ex-prefeito também foi considerado o vencedor do debate realizando anteontem.
De acordo com o Datafolha, o debate foi assistido por 32% dos entrevistados. Desses, 47% apontaram Maia como vencedor e 37% citaram Conde.
No debate, ficou clara a semelhança das propostas dos dois, com exceção da área de segurança. Enquanto Maia atacava a política do governador Anthony Garotinho (PDT) -aliado de Conde- e cobrava "ordem", Conde evitou falar da atuação do Estado.
Ontem à tarde, Maia pediu e obteve no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) uma liminar concedendo-lhe a publicação de um texto na edição de hoje do jornal "O Dia" com o título "Cesar Maia desmonta calúnia e ganha direito de resposta". Havia possibilidade de recurso, mas dificilmente haveria tempo hábil para decisão.
Em sua edição de ontem, o jornal afirmava, em sua manchete, que um relatório reservado da Polícia Militar ligaria Maia a boatos de arrastões surgidos na última quinta-feira na região da Tijuca (zona norte).
O candidato do PTB afirmou que irá processar os responsáveis pelas acusações, sem dizer quem são eles. Procurado pela Folha, o jornal "O Dia" informou que seus advogados iriam se pronunciar sobre o assunto, mas às 18h um funcionário do escritório informou que o advogado Marco Moura estava ao telefone e não poderia atender.
O subsecretário da Segurança, Lenine de Freitas, disse que recebeu do 6º BPM (Batalhão de Polícia Militar, na Tijuca) um relatório informando que os boatos de arrastões foram orquestrados com o objetivo de desestabilizar a ordem pública, "tendo em vista as eleições de domingo".
Freitas disse que já estão sendo investigadas duas pessoas -uma que teria pago a outra para espalhar boatos sobre arrastões.
Questionado pela Folha, Freitas não quis confirmar se Maia é citado no relatório, mas lembrou que, em seu livro "Política é Ciência", o candidato fala da orquestração de boatos.
Conde se negou a comentar a polêmica. Segundo sua assessoria, para Conde, "isso não tem nada a ver com ele, é assunto do governo de Estado".
Garotinho se disse "chocado com as denúncias" e afirmou que abrirá processo contra os responsáveis -sem citar nomes.
O presidente da Suderj (Superintendência de Desportos do Rio de Janeiro, órgão da administração estadual que administra o Maracanã), Francisco Carvalho, disse ter denunciado ao 6º BPM informes anônimos sobre arrastão recebidos pelo telefone.
"Telefonaram para me dizer que iam fazer arrastão, soltar bomba no estádio, que teria um grande pânico", afirmou. Para ele, as ligações vieram de grupos que apóiam Maia. "Não estou dizendo que partiu dele, mas de um segmento que apóia o Cesar Maia."
A polêmica agitou um dia até então tranquilo para os candidatos: Conde foi à missa de são Judas Tadeu, e Maia, tomar água de coco em Copacabana (zona sul), cumprindo um de seus rituais de campanha.


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