São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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Dinheiro é pivô de denúncias na reta final

DA SUCURSAL DO RIO

As denúncias mútuas de enriquecimento ilícito marcaram o segundo turno das eleições no Rio de Janeiro entre o prefeito Luiz Paulo Conde (PFL) e seu antecessor, Cesar Maia (PTB).
O ex-prefeito acusou o atual de ter beneficiado seu antigo escritório de arquitetura, hoje dirigido pelo filho, com a lei aprovada ano passado permitindo a volta da construção de hotéis-residência.
Conde afirmou que Maia não tem como comprovar rendimentos que justifiquem a compra de imóveis desde sua saída da prefeitura, em 1996.
Segundo a declaração de Imposto de Renda dos dois candidatos, Maia é mais rico. Mas o ex-prefeito acusa o sucessor de ter passado bens para parentes.
Em 1999, Maia declarou um patrimônio de R$ 1.039.068,82. Em 1996, seu último ano como prefeito, seu patrimônio passou de R$ 427.694,65 para R$ 889.869, um aumento de 108%.
Nesse segundo montante está incluída uma dívida de R$ 212.839,63 contraída à construtora São Marcos, como financiamento na compra de dois imóveis de R$ 680 mil cada um.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro investiga se houve irregularidades no processo que autorizou a construção pela São Marcos, em 1995, do shopping Downtown, numa área com vegetação remanescente de restinga e mangue. Na época, o prefeito Maia deu autorização para a construção baseado em parecer elaborado por Conde, que era secretário municipal de Urbanismo e sócio da empresa LPC Arquitetura, responsável pelo projeto do shopping.
Conde se defendeu dizendo que o projeto do shopping é anterior a sua nomeação como secretário. Maia afirmou ter comprado os imóveis com a renda obtida pela empresa Factóides & Factóides, pertencente à mulher e à filha, e com a venda de um apartamento no Leblon (zona sul).
As declarações de bens de Conde indicam que houve uma queda de 37,13% em seu patrimônio entre 1996 e 1999.
O principal motivo da queda foi a venda de sua participação acionária na empresa Santa Tereza Projetos e Empreendimentos, em 1998, no valor de R$ 135 mil. A Santa Tereza, que passou a ser controlada por seu filho Marcelo Conde, é sucessora da LPC Arquitetura Ltda, que Conde fundou em 1974.
Em 1996, antes de ser prefeito, Conde declarou possuir bens e direitos que somavam R$ 686.521,36. No ano passado, esse total caiu para R$ 431.625,67. (ACF e LAR)


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