São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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Maia tenta mudar sua imagem

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA SUCURSAL DO RIO

O economista Cesar Maia (PTB), 55, entrou na disputa pela Prefeitura do Rio com dois desafios: derrotar o seu ex-aliado, o atual prefeito Luiz Paulo Conde (PFL), e reconstruir a própria imagem política que associou a ele os adjetivos de agressivo, arrogante e maluco -esse por atos como pedir sorvete em açougue.
Azarão que esteve atrás das pesquisas eleitorais durante todo o segundo turno, Maia avalia que já avançou no segundo desafio.
Sua imagem foi construída no período em que ficou à frente da prefeitura (1993-1996) e nas campanhas para prefeito (1992) e governador (1998). Ficou marcado como um candidato autoritário e de direita -identidades que cultivou ou não tentou desfazer.
Maia percebeu que esse personagem não mais lhe ajudava nem renderia os votos que necessitava. "A imagem que eu queria arquivar era a da cara da direita. E essa arquivou, porque no segundo turno tenho uma frente progressista bem ampla me apoiando", avalia ele, que atrelou o aval de Ciro Gomes (PPS) à sua campanha.
Mas não obteve nenhum apoio explícito relevante de lideranças de esquerda no Rio. Tanto o PT quanto o PDT decidiram não se envolver no segundo turno.
Uma das maiores preocupações de Maia era se desvincular da impressão de arrogante sem comprometer "a imagem da autoridade". Essa é a justificativa para ter diminuído o tom agressivo em relação à campanha de 1998.
"Eu tinha muito receio de que voltasse a imagem do perdedor com raiva que sai atacando o vencedor, o que, certamente, não teria boas consequências eleitorais", explica, referindo-se a 1998, quando permaneceu na ofensiva contra Garotinho ameaçando-o com dossiês.
Maia também passou esta campanha sem lançar mão daquilo que se tornara sua marca registrada, os factóides.
Sua tática foi se vender, segundo ele próprio, como "alguém que tem autoridade, estabelece ordem, é competente, experimentado, realizador e bom administrador". Agregando a isso um perfil mais democrata, dando ênfase nos compromissos sociais.
Maia -que passou por quatro partidos na última década (PDT, PMDB, PFL e PTB)- ressalva que é fundamental manter o "patrimônio político". Resta saber, entretanto, se o eleitor absorveu esse novo Cesar Maia.


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