São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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BELÉM
Edmilson Rodrigues (PT) e Duciomar Costa (PSD) solicitaram segurança por temerem manifestações de violência
Agentes da Polícia Federal dão proteção a candidatos

ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A BELÉM

LUÍS INDRIUNAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Os dois candidatos a prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PT) e Duciomar Costa (PSD), estão sob proteção da Polícia Federal. Segundo o superintendente da PF no Pará, Geraldo Araújo, ambos solicitaram segurança por temerem manifestações de violência.
A pedido do Tribunal Regional Eleitoral, o 8º Comando do Exército colocará 500 soldados nas ruas e manterá o restante da tropa de prontidão. Outros 2.500 homens das Polícias Civil e Militar farão o policiamento da cidade.
Para a presidente do TRE, desembargadora Ivone Santiago, o clima na cidade é de muita animosidade entre os simpatizantes dos dois candidatos e podem ocorrer conflitos.

Eleição de 1950
Ela diz que esta eleição é a mais tensa desde a violenta disputa pelo governo do Estado travada entre os generais Joaquim Cardoso Barata (PSD) e Antônio Assunção (UDN), em 1950, que resultou em mortes e vários feridos. Barata, que foi interventor do Estado, perdeu a disputa por pequena diferença de votos.
O mesmo fenômeno, diz a desembargadora, acontece também agora. A cidade está dividida entre o amarelo (cor usada por Duciomar) e o vermelho, do PT. Grande parte dos carros circula com bandeiras dos candidatos, que também são vistas nas sacadas dos apartamentos e nas janelas das casas.
"Ambos os lados se acusam e se caluniam e, por isso, esta eleição me remete a um passado sombrio de violência", prossegue a desembargadora, referindo-se à eleição de 50.
Na última semana, os dois candidatos desencadearam uma guerra de acusações entre eles. Na quinta-feira, o prefeito Edmilson Rodrigues, que tenta a reeleição, foi acusado por deputados do PSDB de morar em um apartamento pertencente ao empresário Mário Sérgio Ismael, ex-sócio da Terraplena, que tem contrato com a prefeitura para limpeza de metade das ruas da cidade.
O PT, em contrapartida, acusou Duciomar de ter usado diploma falso de médico e de ter falsificado atestado de reservista "enganando as Forças Armadas".
Os dois lados passaram a exibir cenas de quebra-quebra e de agressões nas ruas registradas durante e antes da campanha. Cada um, no entanto, aponta o outro como incitador da violência.
Ao comentar os programas, a presidente do TRE afirmou: "A ciência política é linda na teoria, mas na prática é uma baixaria".

PT versus Almir Gabriel
Segundo Edmilson Rodrigues, esta eleição faz parte da estratégia do PT para 2002. "Estamos afirmando a unidade da Frente Popular do Pará (PT, PSB, PC do B, PPS e PCB) para disputar o poder do Estado e o Senado. Uma vaga de senador é nossa, da esquerda. Definimos uma estratégia e não escondemos o jogo."
O candidato petista tem o apoio discreto do senador Jader Barbalho (PMDB), embora Rodrigues negue a existência de aliança entre eles. Barbalho, na avaliação do PT, ganhou espaço na eleição municipal no interior, conseguindo algumas das principais cidades, como Santarém, Tucuruí, Castanhal e Altamira.
O candidato Duciomar Costa é apoiado pelo governador Almir Gabriel (PSDB), que botou a estrutura tucana à sua disposição no segundo turno.
O governador, por sua vez, avalia que o PSDB ganhou nesta eleição. "Fizemos 700 mil votos de um total de 2,4 milhões. Dos 143 municípios paraenses, 96 estão nas mãos da União pelo Pará (frente que apóia Duciomar)."


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