|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Propina da Alstom chega a US$ 430 mi, afirma Suíça
Total de repasses a funcionários públicos estrangeiros foi divulgado por tribunal penal
Empresa é investigada sob a suspeita de ter subornado servidores de vários países, incluindo Brasil, em troca de favorecimento em licitações
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
O volume de propinas pagas
pela multinacional francesa
Alstom a funcionários estrangeiros pode ter sido superior a
US$ 430 milhões. O cálculo é da
Justiça suíça, que investiga a
suspeita de que a empresa subornou servidores de vários
países, incluindo o Brasil, para
ser favorecida em licitações de
projetos públicos.
Segundo informações divulgadas ontem pelo Tribunal Federal Penal em Bellinzona, na
parte italiana da Suíça, a Alstom pode ter pago mais de
US$ 60 milhões por ano em
propinas entre 1998 e 2003. O
suborno era mascarado como
"pagamento de consultorias",
mas as empresas beneficiadas
serviam para lavar e transferir
o dinheiro da corrupção.
Os procuradores suíços consideram os pagamentos suspeitos porque muitos deles envolviam empresas que jamais
prestaram nenhum consultoria
à gigante francesa. Em alguns
casos, afirmam, há provas de
que o dinheiro acabou nas
mãos de funcionários públicos
de Itália, Zâmbia e México.
A Folha procurou a corte de
Bellinzona, o Ministério Público e o Ministério da Justiça para saber se o Brasil também estava entre os países que receberam propinas da Alstom. Até
o fechamento desta edição não
havia recebido resposta.
Mas o Ministério Público já
havia informado que há pelo
menos três investigações em
curso, e que uma delas é sobre
o uso de bancos suíços para pagar propinas no Brasil.
A principal suspeita envolve
o pagamento de US$ 6,8 milhões a integrantes do governo
paulista para ganhar licitação
de US$ 45 milhões do Metrô.
Há indícios, segundo os papéis divulgados ontem, de que
foram pagas propinas de cerca
de 1 milhão de euros (US$ 1,25
milhão) entre janeiro de 2001 e
abril de 2003 a um funcionário
na Zâmbia. O pagamento teria
sido feito por meio de diversas
empresas "offshore".
Além disso, duas companhias suíças apresentaram
contas de mais de 10 milhões
de francos (US$ 8,6 milhões) à
Alstom, supostamente como
parte do esquema de lavagem
de propinas.
A Justiça suíça informou que
o ex-executivo da Alstom que
havia sido preso em agosto, em
uma grande operação de busca
e apreensão em escritórios da
empresa no país, foi libertado
no último dia 10, depois de superado o risco de que ele destruísse provas do caso.
A corte não forneceu o nome
do executivo, mas ele foi identificado pela imprensa francesa
como Bruno Kaelin, que teria
coordenado o pagamento das
propinas no Brasil e na Venezuela. Kaelin é acusado de gestão fraudulenta, corrupção e lavagem de dinheiro.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Outro lado: Empresa nega suspeita de corrupção Índice
|