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RORAIMA
Flamarion Portela exonera funcionários que teriam sido citados em depoimentos sobre "esquema dos gafanhotos"
Governador demite 3 secretários suspeitos
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA
O governador de Roraima, Flamarion Portela (PT), exonerou
ontem, por volta das 20h (horário
de Brasília), três de seus secretários de Estado com a justificativa
de "manter a boa imagem" de sua
administração, segundo sua assessoria de imprensa.
Na última quarta-feira, outros
três funcionários que faziam parte do primeiro e segundo escalões
do governo já haviam sido exonerados pelo petista.
Dois já estão presos pela Polícia
Federal e um está foragido sob a
acusação de envolvimento no "escândalo dos gafanhotos".
Deixaram suas pastas Jorci
Mendes de Almeida (Fazenda),
Diva Briglia (Gabinete Civil) e
Valdemar Paracat (Administração). Segundo a assessoria de Portela, a medida foi de prevenção,
uma vez que os nomes dos três teriam aparecido em depoimentos
prestados à força-tarefa que investiga a corrupção no Estado,
desde o início do ano.
Nenhum dos ex-secretários teve
pedido de prisão temporária decretado pela Justiça.
A Agência Folha não conseguiu
localizar as autoridades em Boa
Vista ontem à noite.
Já tinham sido exonerados Vera
Regina, ex-secretária de Articulação Municipal, Ângelo Paiva, foragido da Justiça e ex-diretor da
Polícia Judiciária, e Berinho Betim, deputado estadual licenciado
e ex-presidente do Ipem (Instituto de Pesos e Medidas).
Por meio de sua assessoria, Portela disse que "fez um compromisso público" de afastar de seu
governo qualquer pessoa que tivesse suspeita de envolvimento
com o esquema de desvio de recursos públicos.
Os nomes dos secretários exonerados ontem, porém, constavam entre os suspeitos da força-tarefa há mais de seis meses.
Anteontem, a Folha revelou que
uma amiga de Flamarion, a engenheira Sônia Pereira Nattrodt disse que, a pedido dele, recebeu
temporariamente salário de R$
2.500 sem trabalhar no início de
2002, conforme depoimento à PF
ao qual o jornal teve acesso.
Ela disse que sua remuneração
constava de uma tabela de salários do serviço público estadual
processada separadamente da folha oficial, em um microcomputador não interligado ao computador central. Dos R$ 5 milhões
que eram pagos por meio dela, R$
3,5 milhões seriam destinados a
"servidores-fantasmas".
Ameaças
O governador de Roraima enviou ofício ao ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, e ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Maurício Corrêa, no
qual afirma que ele próprio e parentes estão sofrendo ameaças de
morte e de sequestro.
As ameaças estariam partindo
de integrantes da Polícia Civil que
foram reprovados em recente
concurso público. "Eles entendem que a culpa é minha por ter
realizado o concurso", relatou o
governador petista.
Ao receber o ofício, no início da
semana, Bastos pediu ao diretor
do Departamento de Polícia Federal, Paulo Lacerda, que tomasse
providências. Corrêa reenviou a
sua correspondência ao ministro
da Justiça, dizendo que não lhe
cabe tomar nenhuma medida, na
condição de presidente do STF.
"Como apenas 9.000 dos cerca
de 80 mil inscritos serão aproveitados, em razão de ser esse o número de vagas existentes, esses
aproveitadores de ocasião estão
criando essa idéia de pânico, de
caos, esperando colher dividendos políticos", disse o petista.
Flamarion está para ser julgado
pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em processo no qual é acusado de abuso de poder econômico e político durante a campanha
de 2002. O parecer do Ministério
Público é favorável à cassação de
seu mandato.
(JAIRO MARQUES)
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