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Equipe econômica sempre busca superar meta
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de ter sido iniciada por
causa do nível do ajuste fiscal para
este ano, a disputa entre os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e
Dilma Rousseff (Casa Civil) extrapola 2005 e baseia-se no fato de a
equipe econômica sempre trabalhar com um superávit primário
maior do que a meta oficial.
Desde o início do governo, a história tem sido a mesma: ao longo
do ano, o controle de caixa imposto pela Fazenda e pelo Planejamento gera uma economia bem
maior do que a necessária.
Com isso, o setor público chega
ao último bimestre do ano com
uma sobra de recursos que não é
gasta integralmente pelos ministérios até dezembro, e o chamado
superávit primário, que serve para cobrir as despesas com juros
que incidem sobre a dívida pública, fica acima do previsto.
Neste ano, a economia extra foi
recorde. De janeiro a outubro, o
setor público consolidado economizou o equivalente a 5,97% do
PIB, cerca de R$ 95 bilhões. Esse
valor é 1,72 ponto percentual acima da meta de 4,25% do PIB (R$
82,75 bilhões). Faltando pouco
para encerrar 2005, Dilma e Palocci sabem que não haverá tempo suficiente para consumir essa
diferença, que passa dos R$ 12 bilhões. Assim, o resultado do ano
deverá ficar acima do projetado.
No mercado financeiro, a estimativa é que chegue a 4,7% do PIB.
A irritação da ministra Dilma é
que a equipe econômica impõe
propositadamente um controle
rígido do caixa para garantir uma
gordura e fechar o ano acima da
meta oficial. Ao defender maior
fluxo nas liberações, a ministra
ganhou a fama de gastadora, em
oposição "à postura austera" da
equipe econômica. Na avaliação
da ministra, isso foi feito de propósito para desqualificá-la no debate. Assessores próximos garantem que a ministra já sabia que o
superávit em 2005 deveria ficar
maior do que a meta e a discussão
era muito mais "conceitual" do
que "pontual". Por isso ela teria ficado "magoada" com Palocci.
Desde o início do segundo semestre, pelo menos, a equipe econômica vem trabalhando com a
possibilidade de realizar um superávit primário maior do que os
4,25% do PIB. A avaliação era que
essa seria uma forma de compensar o estrago que a política de juros altos fez na dívida pública. Os
técnicos da área econômica temem que a relação entre essa dívida e o PIB encerre o ano acima
dos 51,7% do PIB registrados em
2004, dando munição para as críticas da oposição em 2006.
Em 2004, o superávit primário
acumulado entre janeiro e outubro chegou a 5,4% do PIB, 1,15
ponto percentual acima dos
4,25% do PIB que eram a meta do
ano. Com já se sabia que essa diferença não seria integralmente
gasta, a equipe econômica aumentou a meta do ano para 4,5% .
O resultado final, ainda assim, foi
maior, 4,59% do PIB, permitindo
que a dívida pública recuasse do
patamar de 57,2% do PIB, em dezembro de 2003, para 51,7% do
PIB, 12 meses depois.
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