São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 2005 |
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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CASO CELSO DANIEL Em acareação, acusados dizem que empresário é inocente; um deles afirma que procurou extorqui-lo ao acusá-lo em carta Participação de Gomes da Silva em homicídio é negada por presos
DA REPORTAGEM LOCAL DA REDAÇÃO Em acareação realizada na noite de ontem pela CPI dos Bingos, em São Paulo, os sete presos acusados de envolvimento no seqüestro e na morte do prefeito de Santo André Celso Daniel voltaram a negar a participação do empresário Sérgio Gomes da Silva, o "Sombra", no crime, que aconteceu em 2002. Até mesmo Elcyd Oliveira Brito, conhecido como "John", que seria o autor de uma carta endereçada ao empresário para cobrar o pagamento de R$ 1 milhão pela morte do prefeito, recuou ontem e afirmou que escreveu a carta "para extorquir" dinheiro de Gomes da Silva. Elcyd é apontado pelo Ministério Público como testemunha de um crime político. "Confesso: eu menti ao juiz. Eu escrevi a carta tentando extorquir ele [Gomes da Silva]. Isso não tem nada a ver com crime político, foi um crime comum. O rapaz [Gomes da Silva] não tem nada a ver com isso", disse Elcyd ontem. No último dia 14, quando foi ouvido junto com os outros presos pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), integrante da CPI, Elcyd havia negado ter escrito a carta com a tentativa de extorquir dinheiro do empresário. Na ocasião, o preso admitiu ter escrito o texto, mas desmentiu o conteúdo do documento, no qual cobrava dinheiro de Gomes da Silva. A carta endereçada ao empresário e a seu advogado foi enviada no dia 12 de agosto de 2005. Nela, Elcyd escreveu: "Você nos contratou para pegar o prefeito Celso Daniel, para arrancar os documentos que estavam com ele e, depois, eliminar o mesmo. Nós fizemos o que você mandou". O teor da carta chegou a ser confirmado por Elcyd como verdadeiro a juízes de Itapecerica da Serra (SP), em setembro. Sobre o conteúdo desse depoimento, cujos trechos foram lidos ontem, Gomes da Silva disse: "Eu entendo a pressão que ele [Elcyd] sofre, entendo a posição dele. Ele sabe que isso não é verdade". Outro preso que negou a participação de Gomes da Silva no crime foi Itamar Messias Silva dos Santos. Ao ser questionado do porquê da presença do empresário na acareação de ontem, Santos respondeu apenas: "Se ele tivesse culpa, ele estaria presto". O empresário, que acompanhava o prefeito morto na noite do crime, foi denunciado em 2003 pelo Ministério Público como o mandante do crime. Chegou a ser preso, mas hoje está solto. Ontem, Gomes da Silva se contradisse em pelo menos um momento. O empresário disse não se lembrar das caractarísticas físicas dos homens que o abordaram na noite do crime e, afirmou, não ter condições de reconhecer nenhum dos sete presos que estavam à sua frente. No entanto, foi lembrado pelo senador Magno Malta (PL-ES), de que após o crime ajudou a polícia a fazer um retrato-falado de um homem. "Quando estava na polícia, estava muito nervoso", respondeu Gomes da Silva. Em outro momento, o empresário foi perguntado se sabia por que tinha sido envolvido no crime. Gomes da Silva respondeu: "Não tenho opinião formada do porquê de eu ter sido jogado no meio desse troço. Eu penso coisas, mas acho que não devo falar". A acareação, que começou às 21h20 e durou pouco mais de duas horas, prazo combinado entre a CPI e o advogado de Gomes da Silva, Roberto Podval, foi chamada pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP), integrante da CPI, de "perda de tempo". "A gente sente aqui que eles não têm nenhuma vontade de se defender do seqüestro e da morte de Celso Daniel", disse ele, que afirmou ter sido contra a acareação. Os sete presos, que ficaram lado a lado e de frente para o empresário -este ao lado do seu advogado-, puderam durante toda a acareação conversar entre si, sem que o conteúdo pudesse ser ouvido pelos demais presentes à acareação -integrantes da CPI, promotores, delegados e jornalistas. Texto Anterior: STF está tentando "desmoralizar" o Congresso, diz ACM Próximo Texto: Testemunha aponta novo motivo para o assassinato de Daniel Índice |
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