São Paulo, Quarta-feira, 29 de Dezembro de 1999


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PAINEL

Fantasma verde-oliva

Apesar de tentar minimizar a crise da Aeronáutica, o Planalto tem uma preocupação: evitar que as críticas dos brigadeiros da reserva ecoem no Exército. ""Militarmente, quem tem poder é o Exército, a Aeronáutica faz parte da paisagem", diz um interlocutor frequente de FHC.

O bolso

O governo tem o apoio da cúpula das Forças Armadas, mas sabe da insatisfação do oficialato com a remuneração. A pequena chance de a Aeronáutica vir a ""sensibilizar" o Exército é bater na tecla do soldo baixo, despertando a pressão dos familiares de militares da ativa.

Chega de confusão

No Planalto, o grupo de Andrea Matarazzo (Comunicação de Governo) é o que demonstra mais preocupação com os ataques de militares da reserva. Como houve leve melhora na popularidade presidencial, uma crise militar, ainda que circunscrita a aposentados da Aeronáutica, desperta cautela.



Haja estômago

FHC comeu massa, picanha e feijoada no almoço de ontem, numa ilha particular no Rio. Acompanhado de familiares, não pagou pelo aluguel da ilha (que seria de US$ 7.500). Em compensação, noutro almoço no Rio, da Aeronáutica, recebeu uma saraivada de críticas.

Pé-de-valsa

O presidente ensaiou ainda uns passos de samba com Ruth Cardoso, segundo Enzo Giovennatti, dono da ilha. Após a sobremesa, um tiramissu, dormiu numa rede armada sob coqueiros. Os jornalistas foram mantidos a 1 km de distância.

Visão nacionalista

Do presidente do Clube de Aeronáutica, o brigadeiro da reserva Ercio Braga, em almoço no Rio, criticando o método de privatização da Embraer, mas se dizendo favorável à venda de estatais: ""O importante não é como nem por quanto, mas para quem privatizar".

Política de governo...

Mais do que razões econômicas, o que motiva o BNDES a sustentar o financiamento de empresas estrangeiras nas privatizações é a pressão política. Tasso Jereissati (PSDB-CE), Jader Barbalho (PMDB-PA) e Sarney, cacique no MA, defendem a continuidade da regra.

...e pressão aliada

Há privatizações previstas para ocorrer no Ceará, Pará e Maranhão que correriam sério risco de fracassar sem o capital estrangeiro. E os interessados já avisaram que, sem o dinheiro do BNDES, nada comprarão.

Paulistano sofre

Collor já pôs na rua a campanha à Prefeitura de São Paulo. Outdoors ""espontâneos" de Levy Fidélix, presidente do nanico PRTB, ao qual o ex-presidente impedido em 92 se filiou, podem ser vistos na capital. Os cartazes desejam feliz Ano Novo a Collor e a São Paulo.

Portas abertas

Ronaldo Lessa (PSB) selou ontem acordo que lhe garante a maioria na Assembléia Legislativa de Alagoas. O governador nomeou três secretários escolhidos em lista tríplice apresentada pelo grupo dos 14, formado por deputados da oposição.

Boa vontade

Em janeiro, faz três anos que Pitta se comprometeu a apoiar a construção do Rodoanel em parceria com FHC e Covas. Até agora, o prefeito de SP não só não aplicou um centavo no anel viário de SP como não fez força para que os vereadores governistas aprovassem o projeto.

Cara e coroa

Aproveitando a briga de Garotinho com Brizola, Luiz Antônio Fleury ofereceu ontem a legenda do PTB ao governador do Rio, que está no PDT. Detalhe: na saída, foi se encontrar com César Maia, candidato petebista à Prefeitura do Rio e arquiinimigo do governador.
TIROTEIO

Do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), sobre tucanos e peemedebistas estarem defendendo, com aval do Planalto, um plebiscito e a aprovação de uma emenda constitucional para implantar o parlamentarismo.:
- Não faz nem dez anos que houve o plebiscito. Parlamentarismo no Brasil é oportunismo de quem teme perder o poder pelo voto direto. É golpe.

CONTRAPONTO

Bola fora
Em junho de 1997, o imperador Akihito, do Japão, visitou o Brasil. Entre as atividades diplomáticas, foi com o governador Mário Covas à final do Campeonato Paulista de Futebol, no estádio do Morumbi.
Depois de muita discussão entre assessores, prevaleceu o ponto de vista brasileiro: as janelas de vidro da tribuna de honra do estádio deveriam ficar abertas, para que o imperador pudesse sentir a vibração da torcida -apesar do frio de uma típica noite paulistana de inverno.
Como manda a tradição, o casal imperial entrou por último. A imperatriz Michiko sentou-se, e, em seguida, o imperador Akihito fez o mesmo.
Nesse exato instante, aconteceu algo que não estava previsto pelo cerimonial: o time do Corinthians entrou em campo.
A torcida explodiu em aplausos, gritos e assobios.
Sem perceber o que se passava no campo, o imperador não teve dúvidas: levantou a mão e agradeceu repetidamente os torcedores.

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