São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 2000 |
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CASO TRT Nicolau afirma, em depoimento, que não poderia escolher juízes classistas que se posicionassem a favor do Real Para PF, depoimento de ex-juiz contradiz EJ DA REPORTAGEM LOCAL A Polícia Federal acredita que o juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto derrubou, em depoimento, a justificativa do ex-secretário-geral da Presidência da República Eduardo Jorge Caldas para os contatos telefônicos mantidos entre os dois. Em depoimento prestado no dia 21 de dezembro, Nicolau afirmou: "Nunca houve qualquer acordo no sentido de que fossem nomeados juízes classistas simpáticos ao Plano Real, a fim de que se evitasse a instabilidade do plano em decisões de dissídios coletivos comprometendo o próprio plano; que não poderia saber desse perfil do candidato antes de ser nomeado, ou seja, não lhe era possível saber a tendência do juiz antes de qualquer decisão prolatada pelo mesmo". "As declarações de Nicolau são claras. Ele deixa transparecer que nunca tratou da nomeação de classistas com Eduardo Jorge", afirmou o delegado Gilberto Tadeu Vieira César, porta-voz da PF em São Paulo. Na interpretação da PF, a afirmação contradiz a versão de EJ apresentada em depoimento no Senado. O ex-secretário da Presidência disse que manteve conversas telefônicas com o ex-juiz para levantar informações sobre candidatos a juízes classistas, para evitar que dessem sentenças desfavoráveis ao Real. Nicolau prestou depoimento ao delegado Ulisses Mendes, da Delegacia de Combate ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais (Delecoie). O inquérito apura a autenticidade de gravações de conversas de Nicolau com pessoas não identificadas, publicadas pela revista "IstoÉ" em julho. O teor do depoimento será encaminhado ao Ministério Público Federal, provavelmente nas próximas duas semanas. Segundo Tadeu, Nicolau justifica os telefonemas a EJ dizendo que eram consultas que fazia para saber a melhor maneira de obter recursos para a obra do Fórum Trabalhista de São Paulo. Em depoimento ao Senado, em agosto, EJ afirmou que em pelo menos um contato recebeu pedidos de verba para o TRT. Nicolau, que está preso em um prédio da Polícia Federal no bairro de Higienópolis, em São Paulo, é acusado de desviar R$ 169 milhões das verbas para a construção do fórum. Ministério Público Para a procuradora-chefe do MPF em São Paulo, Janice Ascari, o depoimento de Nicolau é "relevante". "É preciso examinar com calma o que ele (Nicolau) disse e o que Eduardo Jorge sustenta. Antes de tomarmos conhecimento em caráter oficial, é difícil fazer uma análise", afirmou. Ascari declarou que "se há duas versões, pelo menos um deles (Nicolau ou EJ) não está dando a correta". A Polícia Federal não descarta a possibilidade de fazer uma acareação entre o ex-juiz Nicolau e Eduardo Jorge. Texto Anterior: Contas públicas: Congresso dá mais R$ 4 bi a parlamentar em Orçamento Próximo Texto: Outro lado: Ex-secretário da Presidência não comenta Índice |
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