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MUNICÍPIOS
Prefeito pode deixar juros altos para sucessor
Pitta é beneficiado
em renegociação
VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília
O prefeito de São Paulo, Celso
Pitta (PTN), foi o principal beneficiado pela renegociação de dívidas municipais feita pelo Tesouro
Nacional até agora. De acordo
com dados do Ministério da Fazenda, as renegociações já somam
R$ 14,6 bilhões, sendo R$ 10,5 bilhões somente de São Paulo.
A dívida da Prefeitura de São
Paulo, renegociada em dezembro
de 1999, corresponde a 72% do
débito total. Embora o acordo já
tenha sido assinado, esse contrato
de renegociação ainda terá de ser
votado e aprovado pelo Senado, o
que pode acontecer antes da eleição municipal.
Pitta renegociou R$ 10 bilhões
de dívida mobiliária (com emissão de títulos públicos, incluindo
aqueles emitidos para o pagamento de sentenças judiciais).
O prefeito de São Paulo também
conseguiu renegociar R$ 500 milhões de dívidas contratuais, com
instituições financeiras, por
exemplo. O prazo de parcelamento é de 30 anos.
Todos os municípios vão pagar
juros de 9% ao ano mais correção
pelo IGP-DI por renegociarem
seus débitos por até 30 anos. São
Paulo, que concordou em pagar
20% da dívida (R$ 2,1 bilhões) em
até 30 meses, terá juros de 6%. Caso não pague, essa taxa será trocada por outra bem maior.
Isto é, se a Prefeitura de São
Paulo não pagar esses 20% até julho de 2002, os juros de 6% serão
trocados pela taxa Selic, que hoje
está em 19% ao ano. A Selic é a taxa média de remuneração dos títulos públicos federais. Caso Pitta
não seja reeleito, a conta terá de
ser paga pelo seu sucessor.
Segundo lugar
Depois de São Paulo, o município com maior dívida renegociada foi o Rio, que conseguiu parcelar o pagamento de R$ 2,65 bilhões de dívida mobiliária e outros R$ 345 milhões de dívida
contratual. Ou seja, renegociou
quase R$ 3 bilhões.
As dívidas renegociadas dos
dois municípios somam R$ 13,5
bilhões, ou 92,47% do valor total
já renegociado.
Relatório feito pelo Tesouro
mostra que, além de São Paulo e
Rio, apenas outros dois municípios renegociaram dívidas acima
de R$ 100 milhões até o momento:
Salvador (BA), com R$ 204 milhões, e Cuiabá (MT), com R$ 104
milhões. O prazo de renegociação
acaba no dia 31 de março.
MP
A medida provisória 1.969/12,
que fixa as regras mais recentes
dessa renegociação, prevê que a
prestação mensal mínima paga
pelos municípios deverá ser de R$
1.000. Levantamento do Ministério da Fazenda mostra que somente oito municípios estão nessa situação. É o caso, por exemplo, de Anitápolis e Santo Amaro
da Imperatriz, ambos em Santa
Catarina, cujas dívidas renegociadas são inferiores a R$ 100 mil.
O prefeito de Anitápolis renegociou R$ 67 mil por 67 meses. No
caso de Santo Amaro da Imperatriz, a dívida de R$ 97 mil foi renegociada por 97 meses.
Os 72 municípios que já renegociaram suas dívidas representam
menos de 3% dos 2.500 aptos a
pedirem o parcelamento de seus
débitos. Pela legislação em vigor,
o Tesouro está autorizado a renegociar dívidas municipais até R$
22 bilhões, mas só renegociou R$
14,6 bilhões até agora.
Embora não haja uma estimativa, o governo sabe que a renegociação dessas dívidas dará um alívio financeiro aos municípios. Na
maioria dos casos, eles estavam
pagando juros anuais acima de
9% e o prazo médio de pagamento da dívida está subindo de 144
meses para até 360 meses.
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