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RIO
Fundação Coppetec, responsável pelo Delegacia Legal, contratou obras e serviços sem comparação de custos
Projeto gasta R$ 496 mil sem checar preço
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
Contratada sem licitação pelo
governo do Estado do Rio, a Fundação Coppetec gastou R$
495.576 em obras para o Projeto
Delegacia Legal sem fazer comparação com os preços de mercado.
Obras e compras devem ser
"necessariamente precedidas de
licitação", determina o artigo 2º
da lei federal 8.666 (Lei de Licitações), de 21 de junho de 1993.
A dispensa de licitação na contratação da Coppetec foi baseada
no artigo 24 da Lei de Licitações.
A lei permite a ausência de licitação no caso de contratação de entidade sem fins lucrativos, especializada em ensino, pesquisa ou
desenvolvimento institucional.
A Coppetec é o braço privado
da Coppe (Coordenação de Programas de Pós-Graduação em
Engenharia) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Para o advogado Romeu Felipe
Bacellar Filho, 53, presidente do
Instituto Brasileiro de Direito Administrativo e professor da Universidade Federal do Paraná, a
dispensa de licitação não dá ao
contratado o direito de fazer compras e contratar empresas.
"O correto seria pedir ao Estado
que licitasse compras e obras. Esse tipo de atuação foge dos objetivos precípuos da instituição (ensino, pesquisa e desenvolvimento
institucional)", diz o advogado.
Titular da cadeira de Direito
Processual da PUC do Rio, Ivan
Nunes Ferreira, 42, disse à Folha
se sentir "escandalizado" com os
procedimentos adotados pelo governo no projeto.
"É fraude. A Lei de Licitações
diz que qualquer aquisição de
bens públicos tem que ser feita
com licitação. A Constituição estadual também diz que compra
tem que ser feita mediante licitação", afirmou ele, para quem o
governo montou "um biombo,
contratando uma instituição de
natureza científica, para fazer
compra ilegal".
Os gastos com obras sem comparação prévia de preços foram
constatados em análise de notas
fiscais e documentos fornecidos
pela Fundação Coppetec à Folha.
A Coppetec gastou R$ 927.362
em obras e serviços para a implantação da 1ª Delegacia Legal e
da Central de Dados da Secretaria
de Segurança do Estado do Rio. O
contrato firmado com a secretaria
previa o gasto de R$ 750 mil.
Do total empregado pela Coppetec, R$ 495.576 (53,43%) foram
gastos sem comparação com preços de mercado, de acordo com
os documentos e notas fiscais.
O dinheiro usado sem comparação de preços foi destinado a 23
empresas contratadas para realizar 41 serviços diversos.
Em 14 contratações, a Coppetec
alega urgência para ter realizado
obras e serviços sem fazer antes
comparação de preços. A justificativa de urgência está documentada em correspondências.
As correspondências são trocadas entre o engenheiro Marcos do
Couto Bezerra Cavalcanti, coordenador do Projeto Delegacia Legal, o engenheiro Luiz Carlos Fabião, coordenador da implantação física do projeto, e a arquiteta
Fernanda Metello de Oliveira, da
equipe responsável pela implantação da Delegacia Legal.
A mais cara das contratações
sem comparação de preços foi a
da firma Garcia Engenharia, que
recebeu R$ 156.388 para executar
"serviços de construção civil no
pavimento térreo".
Em 19 contratações, a Coppetec
deixa de apresentar justificativas
documentadas para não realizar a
comparação de preços.
Um exemplo desse tipo de procedimento aparece na contratação da firma ML Magalhães Indústria e Comércio de Móveis,
que, em troca do fornecimento,
montagem e remanejamento de
móveis, recebeu R$ 32.663.
Há três casos em que a Coppetec contratou firmas que, em
comparação de preços, mesmo
apresentando valores mais baratos, acabaram recebendo mais do
que as concorrentes tinham oferecido. No total, gastou-se R$
76.254 para pagar essas empresas.
A Coppetec contratou ainda
três empresas que apresentaram
preços mais caros que as concorrentes e mesmo assim foram escolhidas. Os gastos com essas
contratações foram de R$ 55.200.
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