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ORÇAMENTO
Objetivo é aumentar superávit primário neste ano para até 4,5% do PIB
Governo quer cortar até 15% dos gastos para pagar juros
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo pretende cortar entre
10% e 15% da parcela do Orçamento de 2003 que não é de gastos
obrigatórios. Objetivo: aumentar
a meta de superávit primário e, se
tiver condição ao longo do ano,
direcionar mais recursos para a
área social.
Pelas projeções atuais da área
econômica, um corte de 10%
equivaleria a um superávit primário de 4,2% do PIB (Produto Interno Bruto). Um corte de 15%, a
4,5% do PIB -número que o
mercado deseja que o ministro da
Fazenda, Antonio Palocci Filho,
anuncie como a nova meta do governo para este ano.
O superávit primário, a principal meta fiscal do acordo do Brasil
com o FMI, é tudo aquilo que o
governo economiza para pagamento de juros da dívida.
No acerto com o FMI, a meta de
superávit primário para 2003 prevista até aqui é de 3,75% do PIB. O
próprio Palocci já anunciou que a
aumentará para além de 4%. No
ano passado, a meta foi de 3,88%,
mas o valor executado foi de pelo
menos 4,1%. O tamanho do corte
orçamentário será anunciado na
semana que vem.
O Orçamento deste ano prevê
receitas de R$ 352,7 bilhões e despesas de R$ 318,7 bilhões. No entanto, a parte do Orçamento que
não está engessada por gastos
obrigatórios é de R$ 60,3 bilhões.
Esse é o valor total do OCC (Orçamento de Custeio e Capital),
um dos itens orçamentários que
engloba despesas não obrigatórias para custeio da máquina administrativa e investimentos dos
ministérios.
A Folha apurou que, no cenário
mais radical, a Fazenda gostaria
de reduzir em 15% os gastos de
OCC. Seria uma forma de atingir
um superávit primário de 4,5%
do PIB e tranquilizar o mercado
para enfrentar uma tempestade
econômica mundial que deverá
ocorrer com a provável guerra
dos EUA contra o Iraque.
Depois de uma trégua no começo do mês, o dólar voltou a subir,
bem como o risco-Brasil (indicador dos investidores internacionais para medir a capacidade de
um país honrar seus compromissos externos).
Um corte de 10% no OCC seria
uma alternativa mais amena e significaria um superávit primário
de 4,2% do PIB. Essa é a alternativa que mais agrada a Lula, mas,
assim como ele aceitou aumentar
a taxa de juros, contrariando um
discurso histórico do PT, pode ser
convencido a fazer um corte
maior pelo ministro Palocci, auxiliar que o presidente tem prestigiado publicamente.
Diante do cenário de forte restrição orçamentária, Lula pediu
realismo aos ministros na elaboração dos relatórios que trarão
seus projetos prioritários para
2003. Os planos dos ministros para as suas pastas deveriam ser
apresentados a Lula até amanhã,
o último dia do mês. No entanto,
há possibilidade de o prazo ser estendido para a próxima semana, a
fim de esperar a decisão sobre o
tamanho do corte orçamentário.
No governo, tem sido usada a
expressão "obediência a metas
fiscais" para se referir aos projetos
que cada ministério pretenderá
tocar em 2003. Lula optou por essa fórmula porque deseja chegar
ao final do ano e dizer que cumpriu o prometido.
Lula quer separar projetos e
prioridades de longo prazo, que
deverão ser contempladas no
PPA (Plano Plurianual), que trará
metas para quatro anos (2004 a
2007) e deverá ser elaborado pelo
Executivo até 15 de abril.
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