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PREVIDÊNCIA
Ministério calcula que perdas da União podem chegar a até R$ 2,5 bilhões
Sem Estados, reforma pode não sair
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo já esperava a resistência dos Estados contra a reforma da Previdência, em razão dos
custos de transição provocados
pelas mudanças previstas. Sem o
apoio dos governadores, a reforma pode se tornar inviável, segundo a Folha apurou no Ministério da Previdência.
A preocupação com o peso da
reforma nas contas de Estados e
municípios surgiu ainda na transição do governo. Na época, foram feitas projeções sobre o impacto nos governos estaduais.
Os números, que estão sendo
revistos pelos técnicos do governo, são mantidos sob sigilo para
evitar uma nova onda de reações
contrárias à reforma.
O ministro Ricardo Berzoini
(Previdência) já admitiu que para
os cofres da União a perda de parte das contribuições feitas pelos
servidores públicos resultante da
reforma pode variar de R$ 1,7 bilhão a R$ 2,5 bilhões, dependendo
do cenário adotado. Esse é apenas
um dos custos da transição.
O governo estuda opções de
fonte de financiamento para cobrir esse custo tanto nos Estados e
municípios quanto na própria
União. A estratégia é conversar
com governadores e prefeitos para recolher propostas.
Questionado sobre a resistência
dos secretários estaduais de Fazenda a pontos da reforma, Berzoini disse ontem que a saída será
o "diálogo". "Vamos dialogar. O
importante é o diálogo, uma ampla discussão que o governo vai
promover com todo o Brasil."
A proposta de reforma do governo PT prevê a unificação dos
regimes de aposentadoria dos trabalhadores da iniciativa privada e
do setor público. Os benefícios
dos servidores deixariam de ser
equivalentes ao salário integral e
estariam submetidos ao teto do
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) - atualmente R$ 1.561.
Ao criar um teto para os benefícios, a reforma também impõe
um teto para as contribuições do
funcionalismo, gerando perda de
arrecadação. Hoje, os funcionários públicos contribuem sobre o
salário integral. No caso da União,
a alíquota é de 11% sobre o salário.
Na próxima semana, Berzoini
começa a viajar pelo Brasil para
discutir a reforma. O ponto de
partida será São Paulo. A previsão
é que no início de maio o governo
feche um modelo de reforma a ser
apresentado ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social também
discutirá o tema.
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci, defendeu ontem a reforma da Previdência. "Não adianta
estar escrito na Constituição que
há o direito à aposentadoria se as
contas não garantem isso de maneira sustentável. Por isso, é necessário fazer a reforma", disse.
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