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DÍVIDAS
Governo fluminense deve recorrer da decisão do ministro Ilmar Galvão; liberação havia sido pedida por Rosinha
STF autoriza banco a reter R$ 86 milhões das contas do Rio
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Ilmar Galvão
autorizou ontem o Banco do Brasil a reter novamente R$ 86 milhões das contas do Estado do Rio
de Janeiro. Segundo o ministro, o
governo estadual não comprovou
que necessita do dinheiro para
manter serviços essenciais.
No início do mês, Galvão suspendeu o bloqueio do dinheiro
que havia sido feito pelo Banco do
Brasil a pedido do Tesouro Nacional. O bloqueio aconteceu porque
o Estado não pagou dívidas com o
governo federal. As dívidas venceram no dia 28 de dezembro e o
bloqueio aconteceu no dia 31.
A Folha apurou que o Tesouro,
ao ser notificado pelo STF, vai cobrar a dívida do Estado novamente. Se o governo estadual não pagar, os repasses do Fundo de Participação do Estado (parcela dos
impostos federais que é transferida para o Rio) serão retidos.
Os repasses acontecem nos dias
10, 20 e 30 de cada mês. Ou seja,
hoje é dia de repasse. Se isso não
for suficiente, haverá retenção dos
recursos próprios do Estado (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços).
A liberação do dinheiro, suspensa ontem, havia sido pedida
pela governadora do Rio, Rosinha
Matheus, ao STF. Ela afirmou na
ação que, sem esses recursos, não
teria dinheiro para manter serviços básicos. Para comprovar isso,
a governadora juntou ao pedido
um extrato da conta do Estado
que mostrava um saldo de R$ 20
milhões no dia 2 de janeiro.
No recurso do governo contra a
decisão de Galvão, a Advocacia
Geral da União informou que o
Rio de Janeiro tem uma receita
mensal de R$ 946 milhões. Ou seja, o saldo de um dia não representava o fluxo mensal do Estado.
"O Estado não logrou demonstrar haver persistido, ao longo do
mês, o estado de necessidade surpreendido por ocasião do deferimento da medida liminar", disse
Galvão no despacho de ontem.
Outros pedidos
Na decisão, o ministro também
negou outros dois pedidos do Rio
para novos desbloqueios de recursos retidos pelo Banco do Brasil nos últimos dias. Para os novos
pedidos, o governo estadual argumentou que tem um déficit mensal de R$ 137 milhões.
"Na verdade, a situação deficitária do Estado é fato de todo irrelevante para a manutenção da liminar", disse Galvão em seu despacho. Segundo ele, não cabe ao STF
dizer quem deve vir primeiro na
fila de credores do Estado.
Galvão voltou a lembrar que os
contratos de refinanciamento de
dívidas feitos entre o Tesouro Nacional e os Estados são constitucionais e devem ser cumpridos.
O governo estadual também havia argumentado que precisava
manter a liberação do dinheiro
para pagamento do salário do
funcionalismo e despesas do ano
passado. Galvão considerou, porém, que esses pagamentos "não
condicionam o funcionamento
da máquina administrativa".
Outro lado
Rosinha e o secretário de Fazenda, Mário Tinoco, não se pronunciaram sobre a decisão de Galvão
até o fechamento desta edição.
O chefe do Gabinete Civil, Francesco Conte, disse, em nota oficial, que o governo do Rio recorrerá da decisão assim que for informado oficialmente a respeito
da cassação da liminar.
Colaborou a Sucursal do Rio
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