|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
500 ANOS DEPOIS
Procuradores dizem ter feito acordo com líderes, que exigem da Funai a demarcação de três áreas
Índios de MS aceitam deixar na segunda fazendas invadidas
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JAPORÃ
Os índios guaranis e caiuás aceitaram ontem deixar, a partir de
segunda-feira, 11 das 14 fazendas
invadidas por eles em Japorã (464
km de Campo Grande), em Mato
Grosso do Sul, e ficar apenas em
partes de outras três. A informação é dos procuradores da República Ramiro Rockenbach da Silva
e Charles Pessoa.
Eles se reuniram ontem com os
índios na fazenda São Jorge, uma
das que estão invadidas. Para
cumprir o acordo, as lideranças
indígenas pediram que a Funai
(Fundação Nacional do Índio)
demarque as áreas das três fazendas onde pretendem ficar.
Hoje, um grupo de lideranças
deve se reunir em Tacuru (MS)
com o presidente da Funai, Mércio Gomes. Eles vão cobrar a identificação da terra indígena que dizem estar localizada na área das 14
fazendas invadidas.
O delegado federal Jonas Rossatti, 43, disse ontem à Agência
Folha que pediu reforço à Superintendência da Polícia Federal
em Mato Grosso do Sul e à Polícia
Militar para evitar novo confronto entre índios e fazendeiros em
Japorã.
"Na próxima semana, os produtores rurais vão voltar, pacificamente, sem armas, às fazendas invadidas", disse o pecuarista Pedro
Fernandes Neto, 50, dono de uma
das áreas em poder dos índios.
Rossatti disse que não impedirá
a ação dos fazendeiros, mas acha
que eles vão acabar "subjugados
[dominados] pelos índios". A polícia só atuaria em caso de confronto. No dia 21, cerca de 300 fazendeiros, trabalhadores rurais e
até comerciantes entraram em
confronto com 250 índios na ponte que dá acesso às fazendas. Um
produtor rural e dois índios ficaram feridos.
Desde de quarta-feira, cinco
agentes federais e pelo menos sete
policiais militares fazem patrulha
na área de conflito, que está situada na fronteira com o Paraguai.
O delegado não divulgou o número de policiais que devem chegar no final de semana para reforçar as equipes.
"A situação hoje, na minha avaliação, está calma, mas quanto
mais atuarmos na prevenção será
melhor", disse.
Os produtores rurais afirmam
que os índios estão destruindo as
sedes das fazendas. A polícia disse
ainda não ter comprovação.
O TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, em São Paulo,
determinou que seja realizada
uma negociação entre índios e fazendeiros, suspendendo a desocupação das áreas por 600 policiais militares e federais.
Geones Miguel Ledesma, advogado dos fazendeiros, disse que os
produtores rurais entraram com
recurso contra a decisão do TRF,
pois querem a imediata reintegração de posse das áreas.
Os procuradores vão levar a nova proposta dos índios para os
produtores rurais.
Texto Anterior: Operação Anaconda: Juiz é suspeito de articular defesa de réus Próximo Texto: Panorâmica - Propinoduto: Justiça quebra sigilos de mais dez investigados Índice
|