São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2005

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Mercado teme influência argentina

DO ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

Reaparece no mercado das especulações uma espécie de "efeito Orloff". A expressão lembra propaganda de bebida que dizia: "Eu serei você amanhã". Transposta para a economia, a frase vira: "O Brasil será a Argentina amanhã", em alusão à perspectiva de o país repetir experiências do vizinho.
Agora, a pergunta é se o Brasil não voltará a repetir a Argentina, decretando a moratória da dívida externa, na hipótese de ser bem-sucedida a renegociação da dívida do vizinho, ora em andamento.
Foi essa a pergunta que Lorenzo Mendoza, executivo-chefe da cervejaria venezuelana Polar, fez ontem. "Como será a reação do povo [a um eventual êxito argentino]?".
Em almoço sobre a economia brasileira comandado pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o tema foi levantado por Moisés Naïm, ex-ministro venezuelano do Planejamento.
"Se a Argentina obtiver o que quer [desconto na dívida], o que dirão os brasileiros? Perguntarão por que a Argentina pode não pagar, e o Brasil precisa, em vez de construir escolas e hospitais."
Tanto Meirelles como o ministro Palocci escudaram-se em argumentos que dizem ser de autoridades argentinas para recusar terminantemente a hipótese.
Palocci: "O presidente Néstor Kirchner disse que não quer para nenhum país o que a Argentina passou com o problema da dívida". Conseqüência óbvia, segundo ele: "Uma solução positiva para o caso argentino não terá nenhuma influência negativa para outros países". (CR)


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