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Dívida mais que dobrou com FHC
GUSTAVO PATÚ
da Sucursal de Brasília
Quando Fernando Henrique
Cardoso assumiu a Presidência, o
setor público brasileiro, incluindo
União, Estados, municípios e estatais, devia R$ 153,1 bilhões e vinha
de um superávit de R$ 7,139 bilhões em 94. Ainda assim, a melhoria das contas públicas era tida
como a grande prioridade de FHC.
O sucessor de FHC assumirá
uma dívida mais que duplicada
-e o setor público hoje registra
déficits anuais superiores a R$ 25
bilhões. Em outubro de 97, a dívida pública já havia chegado a R$
292,4 bilhões.
Em 95, no primeiro ano de FHC,
perdeu-se o controle do cofre pela
razão conhecida: os juros brasileiros foram violentamente elevados
para atrair capital externo e manter os dólares em caixa que sustentam o Plano Real.
Em consequência, as despesas
com juros da dívida pública cresceram e deixaram de ser pagas,
tornando a dívida maior. Mais dívida significa mais juros a serem
pagos, e assim por diante.
Em 94, os juros da dívida consumiram R$ 20,4 bilhões do dinheiro
do setor público. Com a alta dos
juros, a despesa passou a R$ 35,4
bilhões no ano seguinte -o suficiente para, por exemplo, manter
as universidades federais por cinco
anos.
Até outubro de 97, já haviam sido gastos R$ 23,2 bilhões, uma redução conquistada a partir da queda dos juros do Banco Central.
Mas justamente no mês seguinte as
taxas foram dobradas para contornar novas ameaças ao real.
Apesar do aumento de impostos
e tarifas promovido no final de 97 e
da queda gradual dos juros neste
ano, muito dificilmente a dívida
chegará ao final de 98 com um valor inferior a R$ 350 bilhões.
União e Estados
Desde o início do descontrole fiscal, em meados de 95, o governo
federal joga aos Estados a maior
parte da responsabilidade pelos
déficits. No ano passado, porém, a
situação da União passou a ser
pior que a dos governadores.
No período de 12 meses encerrado em outubro de 97, o governo
federal gastou R$ 13,3 bilhões acima de suas receitas, enquanto todos os Estados e municípios, juntos, gastaram R$ 11,9 bilhões.
Mais um problema para o sucessor de FHC: as contas da União
ainda sofrerão, no próximo mandato, o impacto da federalização
das dívidas estaduais.
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