São Paulo, sábado, 30 de março de 2002

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Presidente deve usar saída de ministros-candidatos para refazer pontes com o PFL, que pode até indicar "técnicos"

FHC anuncia na terça ministério "tampão"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Palácio do Planalto anunciará na próxima terça-feira a equipe ministerial para os últimos nove meses do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
A reforma será deflagrada pela saída de ministros que disputarão as eleições de outubro. Eles deverão deixar os postos na quarta.
FHC se reunirá com ministros políticos na segunda para analisar nomes dos futuros ocupantes da Esplanada dos Ministérios.
Os ministros-congressistas pedirão ao presidente que a nova equipe não seja formada apenas por técnicos para não sobrecarregar os líderes governistas nas articulações na Câmara e no Senado. A intenção é sugerir a FHC uma equipe de técnicos e políticos.

PFL
Alguns dos ministros que assumirão na próxima semana não serão definitivos. Com essa estratégia, o presidente quer manter as portas do governo abertas para um eventual entendimento com o PFL, partido ao qual será oferecida a oportunidade de indicar nomes "técnicos".
O PFL rompeu uma aliança de quase oito anos com FHC e o PSDB, entregando os quatro ministérios que tinha.
O governo não pretende permitir que os pefelistas se afastem definitivamente do Planalto porque ainda há projetos importantes a serem votados no Congresso, especialmente a emenda constitucional que prorroga a cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), prevista para terminar em junho.

Cotados
Pelo menos cinco ministros sairão do governo na próxima semana para concorrer em 6 de outubro: Aloysio Nunes Ferreira (Justiça), Arthur Virgílio (Secretaria Geral da Presidência), Francisco Dornelles (Trabalho), Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário) e Ney Suassuna (Integração Nacional).
Pratini de Moraes (Agricultura) anunciou que fica, mas está sendo aconselhado a sair para não se tornar inelegível caso decida disputar a eleição.
A saída de Pratini seria negociada com Fernando Henrique de forma a garantir o seu retorno caso ele não seja candidato.
Arthur Virgílio deve decidir entre dois caminhos: disputar uma vaga no Senado ou a reeleição para deputado federal.
O ministro sugeriu para o seu lugar o nome do ex-deputado João Faustino (PSDB-RN), que já trabalha na Secretaria Geral da Presidência.
Aloysio e Dornelles concorrerão à Câmara dos Deputados. Dois nomes são cotados para a Justiça: o da secretária nacional de Justiça, Elizabeth Sussekind, e o do secretário-executivo da pasta, Bonifácio Andrada.
No lugar de Dornelles, ficará o secretário executivo, Paulo Jobim.
Jungmann, um pré-candidato à Presidência do PMDB que nunca foi levado a sério, deverá se contentar com uma vaga de candidato a deputado federal. Em seu lugar deverá ficar o secretário-executivo do ministério, José Abrão, ex-deputado federal.
Pressionado pelo PMDB da Paraíba a disputar o governo do Estado, Suassuna deverá deixar o cargo a contragosto, mesmo estando em desvantagem nas pesquisas de opinião em relação ao prefeito de Campina Grande, Cássio Cunha Lima (PSDB).
Suassuna preferiria ficar no ministério até o fim do governo FHC. A sua vaga estaria reservada a um senador do PMDB.
Pimenta da Veiga (Comunicações) também deixará o cargo, mas não pretende disputar a eleição. Vai se dedicar à coordenação da campanha de Serra.
Mesmo vendo frustrados os seus planos de concorrer ao governo do Ceará, o ministro Martus Tavares (Planejamento) deixará a Esplanada nesta semana. Vai ocupar um cargo na direção do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
(LUIZA DAMÉ, KENNEDY ALENCAR E RAQUEL ULHÔA)



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