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São Paulo, domingo, 30 de março de 2003

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OPERAÇÃO SOCIAL

Bird libera 1º empréstimo ao governo Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após assinar o primeiro empréstimo com o governo Luiz Inácio Lula da Silva, no valor de US$ 505 milhões, o presidente do Bird (Banco Mundial), James Wolfensohn, elogiou as medidas econômicas e sociais adotadas no Brasil e disse que o resultado será importante não só para o país, mas também para a América Latina.
Para Wolfensohn, os investidores vão procurar locais para investir que tenham menos risco, e o Brasil pode ser um deles por estar "livre da crise do Oriente Médio e do fundamentalismo".
"O que as pessoas esperam é um país bem administrado, com estabilidade e potencial de crescimento. Vai demorar alguns meses para que tenham confiança, mas é possível que haja alguma vantagem", afirmou o presidente do Banco Mundial, depois de participar de reunião de quase seis horas na Granja do Torto.
Wolfensohn ressaltou ainda que mais importantes são as mudanças que estão ocorrendo no Brasil, como "as no contrato social, geração de justiça social e combate à pobreza, que são exemplos para o mundo".
"Se fracassar aqui, há poucas chances de dar certo em outro local do mundo", afirmou.
No encontro, Wolfensohn e o presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Enrique Iglesias, fizeram uma apresentação sobre o cenário econômico internacional e ouviram uma análise das reformas que o Brasil pretende adotar.
Também participaram da reunião dez ministros da área econômica e social, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o ex-primeiro-ministro da Holanda Wim Kok e especialistas do banco. Segundo o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, o empréstimo do Banco Mundial é importante pelas condições especiais de pagamento.
"Em um momento de forte ajuste de contas, todo o empréstimo tem de ser analisado diante de um quadro de necessidade e qualidade. Nesse caso há qualidade."
Nos dois primeiros meses de governo Lula, o superávit primário (receitas menos despesas, exceto gastos com juros) chegou a R$ 16,084 bilhões, o que equivale a 6,59% do PIB (conjunto de riquezas no país). O recurso será liberado amanhã e financiará um conjunto de projetos na área de desenvolvimento humano, incluindo saúde e educação. O pagamento deve ser feito em dez anos, incluindo um prazo de carência de sete anos e meio. As taxas de juros são menores que as de mercado (Libor mais 0,55% ao ano).
Atualmente há cerca de 50 projetos em execução com o Banco Mundial, totalizando US$ 4,5 bilhões em investimentos diretos. Esses projetos são executados pela União, Estados e municípios. Até o final do governo Lula, o Banco Mundial poderá emprestar ao país de US$ 6 bilhões a US$ 10 bilhões.
Ao comentar sobre a avaliação do cenário econômico brasileiro em relação à guerra, Palocci disse que o conjunto de medidas adotadas pelo governo, incluindo o ajuste fiscal, foi capaz de evitar um novo choque no câmbio.


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