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Sem-terra invadem fazenda do presidente da UDR no Pontal
Em menos de duas semanas, essa foi a 4ª invasão de propriedade na região; o ruralista Nabhan Garcia diz que fazenda é produtiva e que ato é provocação
CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM SANDOVALINA (SP)
Integrantes do MST invadiram na madrugada de ontem a
fazenda Ipezal, em Sandovalina, no Pontal do Paranapanema (SP). A área pertence ao
presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antônio Nabhan Garcia, 46, que
diz que a propriedade é "altamente produtiva". O ruralista
classificou o ato de "ação política" e "pura provocação". Segundo a Polícia Militar, cerca
de 150 pessoas entraram na fazenda por volta das 6h30.
Líderes do MST e Rafael Nabhan Garcia, irmão do presidente da UDR e administrador
da fazenda, trocaram acusações
sobre eventuais disparos de armas de fogo durante a invasão.
Os sem-terra alegaram que
foram recebidos a tiros por funcionários da propriedade durante a invasão. Já o administrador da área registrou boletim de ocorrência acusando os
sem-terra de terem atirado. Segundo a PM, ninguém ficou ferido e nenhuma arma foi
apreendida no local. Um inquérito policial será aberto.
"Essa ação simboliza a luta
contra o agronegócio e é uma
forma de denunciar e cobrar
das autoridades do Estado soluções para o problema das terras devolutas do Pontal, como
essa que ocupamos", disse Maria Aparecida Gonçalves, da direção regional do MST.
Em menos de duas semanas,
foi a quarta invasão de fazenda
no Pontal realizada pelos mesmos membros do MST. Além
disso, neste mês o MST invadiu
escritórios do Incra e do Itesp
(Instituto de Terras do Estado
de São Paulo) e quatro agências
de bancos federais na região.
O advogado da UDR, Joaquim Botti Campos, esteve ontem no local e registrou boletim de ocorrência. Ele afirmou
que pedirá hoje a reintegração
de posse da área à Justiça.
Luiz Antônio Nabhan Garcia
declarou que esta foi a terceira
invasão na área. Segundo ele, a
propriedade tem 366 hectares
e é destinada à pecuária de corte. "Temos 500 cabeças de gado
lá. A propriedade é altamente
produtiva e particular. Isso que
fizeram é ação política, pura
provocação." Nabhan disse
achar que o governo federal é
"conivente com atos do MST".
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