São Paulo, quinta, 30 de abril de 1998

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Painel

Lambança federal
FHC não gostou da trapalhada em que se transformou a escolha do novo líder do governo. Cobrou Serra, que não fora autorizado a convidar ninguém. E não aceita acumulação de lideranças (do governo e do PFL), condição imposta por Inocêncio.

Conversa de surdos
Serra negou a FHC que tenha convidado Inocêncio para líder do governo. Apenas teria dito que o cargo deveria ficar com o PFL e que o pernambucano era o nome mais indicado. Inocêncio é que teria se precipitado e entendido como convite.

Trombada

Caciques do PSDB, do PMDB e do PFL criticam Serra. Dizem que ele tentou articular a ida de Inocêncio para a liderança a fim de se cacifar politicamente. A reclamação já chegou a FHC.


Feriu os brios
Pegou mal no PFL Serra ter dito a Inocêncio que ele deveria ser líder do governo porque não há outro nome no partido. Além de 112 deputados, a legenda tem dois ex-líderes: Benito Gama (BA) e Luiz Carlos Santos (SP).


FHC dilui poder

Clóvis Carvalho jogou contra a ida de Luiz Carlos Mendonça de Barros para as Comunicações. Barros era amigo de Serjão e dividia com ele um sentimento de forte antipatia pelo ministro da Casa Civil. Carvalho continua poderoso, mas perdeu essa.


Vivendo de esperança

A direção do PT aposta em um racha na esquerda do partido para reverter no tapetão a decisão da seção fluminense de rejeitar apoio a Garotinho. Em muitos Estados, a ala tem candidatos que precisam do PDT.

Formação privilegiada

Avaliação do mercado financeiro: o Banco Matrix forma bons quadros. Foram membros do banco de investimentos o novo ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, e o novo presidente do BNDES, André Lara Resende.


Continua vigiado

O novo secretário-executivo dos Transportes, Paulo Fontenelle, indicado para o posto por Clóvis Carvalho (Casa Civil), tem a missão de acompanhar as atividades do ministro Padilha e de seu grupo político.


Vocação estudantil
O senador José Eduardo Dutra (PT-SE) vai propor que o encontro nacional do PT lance a candidatura de Vladimir Palmeira a presidente eterno da UNE.

Tom emocional

No programa de TV do PMDB de SP, que irá ao ar na segunda, Quércia deve admitir que teve e superou um câncer na próstata. O locutor dirá: "Tem sido um vencedor de obstáculos, na vida privada e na vida pública".


A política como ela é
Sarney escreveu uma carta para Itamar Franco reclamando de ele ter posto em dúvida sua fidelidade na convenção do PMDB que decidiu apoiar FHC. Itamar fingiu que acreditou, e os dois ontem trocaram afagos ontem durante reunião do PMDB.



Amarelada
Antônio Brito fugiu da reunião de ontem do PMDB que transformou Paes de Andrade em uma espécie de rainha da Inglaterra do partido. Não quis se encontrar com Itamar Franco, que tem dito que o governador gaúcho não o encara nos olhos.

Mera coincidência

Itamar desistiu de depor contra FHC no TSE e teve participação discreta na reunião do PMDB após Pimenta da Veiga, interlocutor do presidente, e Zé Aparecido, seu escudeiro, terem se encontrado recentemente.


Gaveta proposital
A Procuradoria da República em Goiás está intimando a Funai a demarcar uma área de 11 hectares no município de Aruanã, pertencente aos índios Carajás. O processo está parado desde a gestão Iris Rezende na Justiça.

Várias mãos
O presidente do PSDB, Teotonio Vilela, que é candidato ao governo de Alagoas, diz que até o final da semana o partido decide quem faz o que na campanha. E que a tendência é mesmo que as tarefas sejam repartidas.
TIROTEIO

De João Paulo (PT-SP), sobre FHC ter dito que comandará a articulação com o Congresso para aprovar as reformas:
- Só significa que o fisiologismo não será mais atendido por prepostos, por gerentes de bancos. O negócio será feito diretamente com quem abre e fecha o cofre, com o dono do banco.

CONTRAPONTO
Difícil até para Deus
A bancada do PT na Câmara se reuniu ontem para discutir a crise aberta pela decisão da seção fluminense do partido de não apoiar Garotinho (candidato a governador pelo PDT) e lançar Vladimir Palmeira.
O apoio era a condição imposta por Brizola para apoiar Lula na disputa pela Presidência.
Todos estavam tensos, e os primeiros minutos se arrastavam: seguidamente tocava o celular de um dos presentes.
De repente, um dirigente protestou em voz alta:
- Vamos desligar isso aí!
O líder na Câmara, Marcelo Déda, disse que não podia, pois aguardava uma ligação de Lula. Milton Temer precisava manter contato com Vladimir Palmeira.
Jair Menegueli não aguentou:
- Mas assim não dá! O mundo não vai acabar em meia hora!
Dito isso, alguém, do fundo da sala, disparou:
- Infelizmente não. Seria a única forma de a gente resolver esse problema...



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