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PERFIL
Mendonça assume
estilo do antecessor
da Reportagem Local
A escolha de Luiz Carlos Mendonça de Barros, 55, para ministro
das Comunicações, e de André Lara Resende para substituí-lo na
presidência do BNDES confirma a
tendência dos últimos anos de se
revezarem no poder os mesmos
economistas.
Quase todos amigos entre si,
desde o Plano Cruzado, em 1986,
formam um grupo que alterna
passagens pelo governo e pela iniciativa privada, usualmente no
mercado financeiro.
Essa ciranda de economistas,
passando do setor público para o
privado e vice-versa, tem provocado polêmica. Políticos de oposição
sugerem a "quarentena" para
quem entra no troca-troca.
Dos economistas que trabalharam nos quatro últimos governos
-de José Sarney a Fernando Henrique Cardoso-, Mendonça de
Barros é particularmente ligado a
dois, o próprio Lara Resende e seu
irmão, José Roberto, economista
com pós-doutorado na Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
Até o final de março, José Roberto era secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda,
cargo que trocou pela secretaria
executiva da Camex (Câmara de
Comércio Exterior), subordinada
diretamente à Casa Civil da Presidência da República.
Engenheiro de formação, Mendonça acabou trocando a engenharia pela economia. Fez doutorado em Economia pela Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas), na qual também é professor
do curso de doutorado, e construiu sua vida profissional no mercado financeiro. Foi colaborador
da Folha.
A primeira passagem de Mendonça pelo governo começou em
em agosto de 1985, quando foi
chamado para ser diretor de mercado de capitais do Banco Central.
Até então, Mendonça de Barros
era diretor da Corretora Planibanc
e da consultoria MBE Associados.
Antes disso, havia sido sócio da
corretora Patente.
Ele integrou o pequeno grupo de
economistas que elaborou o Plano
Cruzado. Seu papel foi, porém,
menor do que o de outros economistas, como Lara Resende e Pérsio Arida, considerados os autores
das idéias mais ousadas do plano.
Por causa do seu conhecimento
e experiência no mercado financeiro, Mendonça de Barros foi um
dos responsáveis pela elaboração
das "tablitas" (tabelas usadas deflacionar valores prefixados) do
Cruzado e do tabelamento de preços.
Quando entrou no BC, Mendonça de Barros era um dos coordenadores da campanha ao Senado do
hoje presidente Fernando Henrique Cardoso.
Falante, frequentemente vestido
de modo informal mesmo em situações mais formais e fumante de
charutos, Mendonça de Barros
substitui agora Sérgio Motta, seu
amigo desde a juventude e com o
qual compartilhava certas características pessoais.
Os dois sempre foram considerados agressivos no modo com
quem tocavam seus negócios na
iniciativa privada e no governo, o
chamado estilo "trator" de relacionamento.
Desde que assumiu o BNDES,
em outubro de 1995, Mendonça de
Barros deu mostras desse estilo ao
acelerar o processo de privatização -nesse período foram vendidas ao setor privado 18 estatais,
entre elas a Vale do Rio Doce.
Também transformou o BNDES
no maior banco de desenvolvimento do mundo, movimentando
em 97 um total de R$ 13 bilhões.
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