|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Engenheiro pega ministério enfraquecido
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
O Ministério das Comunicações
que o engenheiro Luiz Carlos
Mendonça de Barros assume não
se equipara, em estrutura e poder,
ao que Sérgio Motta encontrou,
em janeiro de 95. As mudanças no
setor comandadas por Motta, nesses três anos de governo FHC, resultaram em profundo e planejado
esvaziamento do ministério.
Seu principal papel -o de regulador e fiscalizador do mercado-
foi transferido em 97 para a Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações), em cuja presidência
Motta colocou seu ex-secretário-executivo, Renato Guerreiro.
No passado, o ministro das Comunicações tinha em suas mãos a
prerrogativa de distribuir concessões para os serviços de telecomunicações e de radiodifusão. As
concessões eram distribuídas gratuitamente para aliados políticos.
O poder do ministro caiu por
terra, e hoje as concessões são
vendidas em licitações públicas.
Mesmo assim, a maioria das concorrências passou para a Anatel.
Hoje, é a Anatel que administra
as concorrências para concessões
de satélite e para o serviço de TV
paga. No ministério, ficaram apenas as licitações para concessões
de rádio e TV e que, futuramente,
serão transferidas para a Anatel.
A grande tarefa de Mendonça de
Barros será conduzir a privatização do Sistema Telebrás. A venda é
considerada no mercado internacional como a maior privatização
do setor de telecomunicações no
mundo e deve render cerca de R$
25 bilhões ao governo.
A privatização, em princípio, está marcada para o dia 15 de julho,
em leilão na Bolsa do Rio.
Apesar do otimismo demonstrado pelo governo em relação ao
cumprimento do cronograma, a
expectativa -inclusive dos investidores internacionais- é a de que
o processo será turbulento. Espera-se uma batalha judicial.
Se o governo cumprir o cronograma, a tarefa de Mendonça de
Barros estará praticamente concluída, pois restarão com ele os
Correios e a radiodifusão.
Nesse contexto, a nomeação de
Mendonça de Barros foi recebida
pelo mercado como mais uma sinalização do governo para a comunidade financeira internacional de que a privatização da Telebrás é irreversível e será cumprida.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|