São Paulo, quinta, 30 de abril de 1998

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NO AR
Horrível, horrível

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

- Socorro! Socorro!
Era uma ambulante carioca, Rita de Cássia, com rosto, peito, depois todo o corpo queimando diante das câmeras da CNT e da Record.
Os programas do início de noite, 190 Urgente, Cidade Alerta, seguem a miséria por todo lado, levada ou enfrentada pela polícia, e acabam batendo na tragédia.
A tragédia cotidiana, miserável, brasileira. E então o discurso extremista, policialesco, cede vez à indignação dos apresentadores:
- Meu Brasil, vocês querem mandar os camelôs para onde? É o desemprego! É fácil fazer lei para proibir pobre de trabalhar. Eu quero ver fazer lei para proibir burguês!
Foi no Rio. Os camelôs tinham conseguido suspender uma lei que proibia o trabalho. O prefeito arrumou desculpa, a falta de pagamento de taxa de sujeira, e mandou a guarda municipal.
A guarda bateu. Um camelô foi atacado por dois cães, mordido, diante das câmeras. Os ambulantes fugiam, em meio à locução:
- Olha só a violência! É uma batalha campal.
Rita de Cássia surgiu como que dançando, em desespero, no meio da rua. Testemunhas dizem que colocou fogo no próprio corpo. A locução não sabia como descrever:
- Meu Deus do céu! O que estamos vendo? Nossa Senhora! Horrível, horrível!

Milton Temer, líder dos petistas revoltosos do Rio, deu longa entrevista à Globo News e foi cruelmente realista.
Não aceita que Lula use a decisão do PT do Rio como desculpa para desistir de uma candidatura que, antes, o próprio Lula já não queria.

De ACM para FHC, dias atrás, segundo o Bom Dia Brasil, da Rede Globo:
- Antes, a prioridade da minha vida era o meu filho. Agora, a prioridade é você.


E-mail: nelsonsa@uol.com.br



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