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COORDENAÇÃO
Deputado deve decidir se aceita convite do presidente ou se permanece líder do PFL
FHC e Inocêncio discutem liderança hoje
FERNANDO RODRIGUES
MARTA SALOMON
da Sucursal da Brasília
Uma forte reação dentro do PFL
deve impedir que o deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE) realize
seu desejo de acumular os cargos
de líder do partido e líder do governo na Câmara.
Isso será discutido entre Inocêncio e o presidente Fernando Henrique Cardoso hoje, numa reunião
reservada entre os dois no Palácio
do Planalto, às 14h30.
Nessa conversa, Inocêncio terá
de decidir se aceita o convite que
FHC lhe fez para ocupar a liderança do governo, na vaga deixada
por Luís Eduardo Magalhães,
morto semana passada.
O pefelista tem receio de sair do
seu cargo atual -líder do PFL- e
ficar enfraquecido no início do
ano que vem, quando pretende
disputar a presidência da Câmara
dos Deputados.
Tropa
"Como líder do PFL eu tenho
112 deputados na minha retaguarda. Na liderança do governo serei
um general sem tropa", costuma
dizer Inocêncio.
Além da bancada dos deputados, a liderança partidária oferece
para quem a ocupa uma estrutura
burocrática com mais de cem cargos. Esse tipo de apoio logístico é
fundamental para um parlamentar que está em ano eleitoral e aspira a presidência da Câmara em
99.
A acumulação de cargos de liderança é um fato inédito na Câmara. São trabalhos antagônicos em
muitas ocasiões. Um partido pode, por exemplo, ficar contra uma
decisão de governo.
Ciúme
Além disso, deputados pefelistas
ficaram enciumados com a possibilidade de Inocêncio acumular
muito poder exercendo os dois
cargos.
Esse acúmulo de funções também desestabilizaria o equilíbrio
das forças que dominam o PFL: as
correntes da Bahia (comandada
pelo senador Antonio Carlos Magalhães) e a de Pernambuco (liderada pelo vice-presidente Marco
Maciel em conjunto com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen,
de Santa Catarina, e o senador
Guilherme Palmeira, de Alagoas).
Ontem, no Congresso, a Folha
identificou várias saídas que podem ser adotadas por FHC a respeito da liderança do governo na
Câmara:
1) Deixar Inocêncio acumular
funções -essa hipótese é remota,
pois o presidente estaria agradando o pefelista e deixando muitos
aliados descontentes;
2) Inocêncio vai só para liderança do governo -depende do charme de FHC na hora da conversa
com o pefelista.
O presidente terá de oferecer garantias para Inocêncio a respeito
de sua eleição para a presidência
da Câmara.
Com a eventual saída de Inocêncio do posto de líder do PFL, está
cotado para seu lugar -e em
campanha para isso- o atual vice-líder, deputado José Carlos
Aleluia, da Bahia e ligado a ACM;
3) Inocêncio fica na liderança do
PFL -essa hipótese tem sido divulgada pelo próprio pefelista. O
problema é que Fernando Henrique ficaria sem nomes disponíveis
para o cargo de Luís Eduardo;
4) Deixar vago o cargo de líder
do governo -nesse caso, FHC
nomearia Inocêncio, ainda na liderança do PFL, o deputado responsável pelos interesses do governo na votação da reforma da
Previdência, que é o que mais interessa ao governo no momento.
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